Precursora no estudo da vacina contra malária

FOLHA

Novas vacinas contra a malária, com potencial para salvar dezenas de milhares de vidas por ano, devem muito da fase inicial de seu desenvolvimento a Ruth Sonntag Nusenzweig, uma ex-refugiada de origem austríaca que cresceu em São Paulo e passou a maior parte de sua carreira científica nos EUA.

Judia e acossada pelos nazistas, Ruth mudou-se de Viena para São Paulo em 1939.

Durante o curso de medicina na USP começou a namorar o futuro marido, Victor Nussenzweig. Comunista na época, Victor contaria depois que foi convencido por Ruth a tentar mudar o mundo pela ciência, e não pela política.

Após anos de trabalho conjunto, o casal conseguiu uma bolsa para trabalhar na NYU (Universidade de Nova York), que lhes parecia oferecer melhores oportunidades de pesquisa. Retornaram logo depois do golpe de 1964, mas o passado comunista de Victor abreviou sua estadia.

De volta à NYU, se tornaram professores em caráter permanente. Em 1967, Ruth publicou o trabalho que mais marcaria sua carreira. Ela demonstrou que era possível produzir imunidade contra o parasita da malária depois de banhar o micróbio numa dose de radiação ultravioleta e inoculá-lo em camundongos.

Essa prova revelou que uma vacina contra a doença não era inviável. A continuidade do trabalho da pesquisadora desembocou no desenvolvimento de uma vacina que está em fase de testes em países africanos. O nível de proteção, em torno de 40%, deve ser o suficiente para salvar vidas.

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