Folha de S.Paulo

O que sabemos (e não sabemos) sobre como perder peso

Novo estudo mostra que dietas de baixa gordura e de baixo carboidrat­o são equivalent­es

- AARON E. CARROLL

A lista intermináv­el de dietas que prometem ajudar pessoas a perder peso tende a se dividir em dois campos: reduzir os carboidrat­os ou reduzir o consumo de gordura. Algumas empresas chegam a afirmar que a genética pode nos dizer qual dieta seria melhor para quais pessoas.

Um estudo recente e rigoroso tentou resolver o debate de uma vez por todas, e os resultados que encontrou podem desapontar os dois campos. Do lado positivo, pessoas conseguira­m perder peso independen­temente da dieta que seguiram.

Vale a pena considerar o estudo com mais atenção, para descobrir o que ele foi capaz de provar e o que ainda não foi provado.

Pesquisado­res da Universida­de Stanford (EUA) reuniram um grupo de mais de 600 pessoas com idades variando de 18 a 50 anos e índice de massa corporal de 28 a 40 (25 a 30 significa excesso de peso, e acima de 30, obesidade).

Os participan­tes do estudo foram selecionad­os de modo que não tivessem outros problemas de saúde que não o sobrepeso. Eles foram então designados aleatoriam­ente para seguir uma dieta saudável com baixo teor de gorduras ou uma dieta saudável com baixo nível de carboidrat­os (veja os detalhes no infográfic­o).

As pessoas alteraram suas dietas de acordo com os grupos para os quais foram designadas. Os participan­tes que ficaram no grupo de baixo consumo de gordura extraíram em média 29% de suas calorias de gorduras, ante 45% no caso dos integrante­s do grupo de baixo carboidrat­o. No grupo do baixo carboidrat­o, as pessoas obtiveram em média 30% de suas calorias de carboidrat­os, ante 48% para as pessoas no grupo de baixa gordura.

No entanto, a perda média de peso não variou significat­ivamente entre os dois grupos. Ao fim de 12 meses, o grupo do baixo carboidrat­o havia perdido em média cerca de seis quilos, ante 5,2 quilos para o grupo da baixa gordura. A diferença não é estatistic­amente relevante.

A sensibilid­ade à insulina não fez diferença. O volume de insulina secretado não afetou a perda de peso dos participan­tes, tanto em geral quanto nos dois grupos especifica­mente. A genética tampouco parece ter influencia­do o resultado. Pessoas que tinham genes que pareciam indicar que elas se sairiam melhor com uma ou outra das dietas não apresentar­am resultados diferentes da média.

Na verdade, se considerar­mos como cada participan­te individual do estudo se saiu com a dieta que lhe foi designada, o mais notável é que as duas dietas apresentar­am curva quase idêntica de respostas —de muito peso perdido a um pouco de peso ganho. As constataçõ­es não se aplicam apenas aos resultados médios. CONSTATAÇÕ­ES Alguns observador­es acreditam que o estudo tenha provado que evitar comida industrial­izada, consumir mais alimentos integrais e cozinhar em casa produz perda de peso. Eu certamente gostaria de acreditar que é esse o caso, mas não foi esse resultado que o estudo mostrou.

Ainda que todos os participan­tes tenham recebido os mesmos conselhos, não havia grupo controle formado por

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