Corinthians retém rendas e vê dívida do Itaquerão crescer R$ 42 milhões
Segundo documentos entregues ao Ministério da Fazenda, débito aumenta 382% em 15 meses
Fundo deveria receber valor arrecadado com bilheteria no estádio, mas dinheiro tem sido usado para outros fins
Nos últimos 15 meses, o Corinthians aumentou em cerca de 382% sua dívida com a Arena Fundo de Investimento Imobiliário, administrado pela BRL Trust Distribuidora de Títulos e Valores e que é responsável por fazer os pagamentos à Odebrecht pela construção do Itaquerão.
O débito, que até fevereiro de 2017 era de cerca de R$ 11 milhões, já está em aproximadamente R$ 53 milhões. O aumento da dívida é resultado de pagamentos feitos pelo fundo à construtora e não cobertos pelo Corinthians.
Por contrato, o dinheiro arrecadado com o estádio deveria ser colocado no fundo para pagar pela construção da arena, inaugurada em 2014 para a Copa do Mundo. As quantias vêm sendo usadas para outros fins.
“Não é tão simples. A gente passava [para o fundo] quando tinha os valores compatíveis com o que tínhamos de repassar. É necessário fazer a manutenção da arena, que é cara. Temos de pagar as parcelas do empréstimo da Caixa. O restante vai para o fundo”, afirma Emerson Piovezan, que era o diretor de finanças do Corinthians até o final do ano passado.
Os valores, aos quais a Folha teve acesso, estão em informes mensais de rendimentos entregues à CVM (Comissão
Os informes, porém, apresentam valores a serem recebidos. Em fevereiro de 2018, eram R$ 35.640 referentes a aluguéis e R$ 52.453.006,32, como “outros valores”.
Pela configuração do fundo imobiliário, os valores a receber são os repasses das rendas, já que este foi criado para cuidar do Itaquerão. O dinheiro é depois repassado à Odebrecht para quitar a construção da arena.
Rodrigo Cavalcante, nome apresentado na documentação como responsável pela BRL Trust disse ser política da empresa não comentar qualquer informação, mesmo as que são públicas.
O clube afirma que não vai se pronunciar sobre a dívida, pois é assunto para a BRL Trust, que cuida do fundo.
A assessoria de imprensa da Odebrecht disse que a construtora não tem nenhuma informação a dar.
O contrato prevê que em caso de não pagamento por parte do clube, a construtora pode assumir o controle do estádio. É um cenário apenas teórico, já que nenhuma das partes envolvida na construção e administração da arena considera essa hipótese.