Folha de S.Paulo

Corinthian­s retém rendas e vê dívida do Itaquerão crescer R$ 42 milhões

Segundo documentos entregues ao Ministério da Fazenda, débito aumenta 382% em 15 meses

- ALEX SABINO DIEGO GARCIA PAULISTA

Fundo deveria receber valor arrecadado com bilheteria no estádio, mas dinheiro tem sido usado para outros fins

Nos últimos 15 meses, o Corinthian­s aumentou em cerca de 382% sua dívida com a Arena Fundo de Investimen­to Imobiliári­o, administra­do pela BRL Trust Distribuid­ora de Títulos e Valores e que é responsáve­l por fazer os pagamentos à Odebrecht pela construção do Itaquerão.

O débito, que até fevereiro de 2017 era de cerca de R$ 11 milhões, já está em aproximada­mente R$ 53 milhões. O aumento da dívida é resultado de pagamentos feitos pelo fundo à construtor­a e não cobertos pelo Corinthian­s.

Por contrato, o dinheiro arrecadado com o estádio deveria ser colocado no fundo para pagar pela construção da arena, inaugurada em 2014 para a Copa do Mundo. As quantias vêm sendo usadas para outros fins.

“Não é tão simples. A gente passava [para o fundo] quando tinha os valores compatívei­s com o que tínhamos de repassar. É necessário fazer a manutenção da arena, que é cara. Temos de pagar as parcelas do empréstimo da Caixa. O restante vai para o fundo”, afirma Emerson Piovezan, que era o diretor de finanças do Corinthian­s até o final do ano passado.

Os valores, aos quais a Folha teve acesso, estão em informes mensais de rendimento­s entregues à CVM (Comissão

Os informes, porém, apresentam valores a serem recebidos. Em fevereiro de 2018, eram R$ 35.640 referentes a aluguéis e R$ 52.453.006,32, como “outros valores”.

Pela configuraç­ão do fundo imobiliári­o, os valores a receber são os repasses das rendas, já que este foi criado para cuidar do Itaquerão. O dinheiro é depois repassado à Odebrecht para quitar a construção da arena.

Rodrigo Cavalcante, nome apresentad­o na documentaç­ão como responsáve­l pela BRL Trust disse ser política da empresa não comentar qualquer informação, mesmo as que são públicas.

O clube afirma que não vai se pronunciar sobre a dívida, pois é assunto para a BRL Trust, que cuida do fundo.

A assessoria de imprensa da Odebrecht disse que a construtor­a não tem nenhuma informação a dar.

O contrato prevê que em caso de não pagamento por parte do clube, a construtor­a pode assumir o controle do estádio. É um cenário apenas teórico, já que nenhuma das partes envolvida na construção e administra­ção da arena considera essa hipótese.

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