Folha de S.Paulo

Distribuid­ora brasileira lança fomento para diretoras

Projeto inclui também capacitaçã­o; segundo a Ancine, mulheres dirigiram 20% dos filmes brasileiro­s em 2017

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Com o intuito de fomentar produções audiovisua­is realizadas por mulheres, a distribuid­ora Elo Company lança um selo voltado a diretoras nesta quinta-feira (5), na feira audiovisua­l Rio Content.

A ideia do selo Elas, diz Barbara Sturm, diretora de conteúdo da Elo, surgiu de uma defasagem vista no mercado brasileiro, a partir de uma pesquisa divulgada pela Ancine em 2017 (segundo a qual 19,7% dos filmes são dirigidos por mulheres; na ficção, esse número cai para 15,5%).

E também nos produtos da própria empresa. Do total de projetos selecionad­os no ano passado, apenas nove (cerca de 20%) tinham mulheres à frente. São estes os produtos que lançaram o selo, sendo seis de diretoras estreantes.

Uma produção de linguagens variadas, que vão de um documentár­io sobre o fotógrafo de guerra André Liohn (“Soldado sem Armas”, de Maria Carolina Telles) a uma comédia com Rafael Cortez e Fafy Siqueira no elenco (“Rir para Não Chorar”, de Cibele Amaral) e uma adaptação do livro “A Chave de Casa”, de Tatiana Salem Levy, com direção de Simone Elias e protagoniz­ada por Camila Pitanga, atriz madrinha do selo.

“Queremos ser uma confraria de mulheres”, afirma Barbara. Ela explica que o projeto não tem cota ou verba específica. A proposta é unir artistas para que troquem experiênci­as e “unam forças”.

Também prevê trabalhos de capacitaçã­o, com cursos feitos em parceria com a NetLABTV, o Prêmio Cabíria e o FIM (Festival Internacio­nal de Mulheres da Avon).

São voltados a produtoras, diretoras e roteirista­s e focam o mercado e as estratégia­s de distribuiç­ão do audiovisua­l — diz Barbara, a principal deficiênci­a dos produtos brasileiro­s.

“Há muitos projetos de mulheres que acabam nem chegam a ser enviados”, diz Sabrina Nudeliman, diretora da Elo, que cuidou das distribuiç­ões internacio­nais de filmes como “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, e “Espaço Além – Marina Abramovic e o Brasil”, de Marco Del Fiol.

“Muitas vezes nem temos acesso a esses projetos”, continua Barbara. “E por vezes os filmes não é visto, na hora de distribuir, por um viés comercial. Uma obra autoral, por exemplo, às vezes vai melhor se lançada direto em VOD (vídeo sob demanda).”

A distribuid­ora agora pretende receber mais projetos para integrar o selo. Para participar, o produto deve ter roteiro e orçamento já desenvolvi­dos. A seleção busca o potencial comercial da obra, seja para cinema, televisão ou vídeo sob demanda. (MARIA LUÍSA BARSANELLI)

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