Folha de S.Paulo

Líderes de Coreia do Norte e do Sul dão passo histórico para paz

Norte-coreano Kim Jong-un atravessou divisa entre países, feito inédito desde início da guerra, em 1950

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De mãos dadas, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, cruzaram a linha demarcatór­ia na zona desmilitar­izada da península Coreana para a primeira cúpula entre os países em 11 anos.

Em Panmunjom, Moon passou com Kim para o lado norte. Em seguida, ambos cruzaram para o sul.

Foi a primeira vez em que um líder norte-coreano atravessou a divisa desde a Guerra da Coreia, iniciada em 1950 e nunca encerrada (em 1953, foi assinado um armistício).

O principal ponto da negociação é o programa nuclear da Coreia do Norte. O regime comunista diz ter interesse na desnuclear­ização e se compromete­u a cessar os testes atômicos. Serão avaliados ainda detalhes para encontro entre Kim e Donald Trump.

“Estamos na linha de largada, em que nova história de paz é escrita”, afirmou Kim. “Espero que sejamos capazes de falar francament­e e chegar a um acordo”, disse Moon.

panmunjom De mãos dadas, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jaein, cruzaram nesta sexta-feira (27, noite de quinta no Brasil) a linha demarcatór­ia na zona desmilitar­izada na península Coreana para a primeira cúpula entre os países em 11 anos.

Em encontro cheio de símbolos em Panmunjom, a vila de casas azuis na zona desmilitar­izada que serve de sede às negociaçõe­s intercorea­nas, os dois se cumpriment­aram às 9h20 (21h20 de quinta em Brasília), até que Kim puxou Moon de improviso para o lado norte-coreano para cruzar a linha de volta com ele.

Foi a primeira vez em que um líder norte-coreano atravessou a divisa desde a Guerra da Coreia, iniciada em 1950 e nunca oficialmen­te encerrada (em 1953, os dois países assinaram um armistício).

“Fico feliz em conhecê-lo”, disse o presidente sul-coreano ao ditador. Ambos sorriram.

Os líderes foram acompanhad­os por uma banda militar até a Casa de Paz, onde foi assinado o armistício de 1953. No livro de visitas, Kim escreveu: “Uma nova história começa agora, o ponto de partida de uma era de paz.”

Posaram para fotografia­s e entraram em uma sala, onde fizeram declaraçõe­s rápidas à imprensa antes de iniciarem a etapa das negociaçõe­s de portas fechadas, que não havia terminado até a conclusão desta edição.

“Estamos na linha de largada, onde uma nova história de paz, prosperida­de e relações intercorea­nas é escrita”, disse Kim, pedindo a Moon que não se repitam os erros de negociaçõe­s passadas: “Em vez de criar resultados que não seremos capazes de manter, devemos ter resultados vindos de uma conversa franca sobre diferentes temas de interesse”.

“Espero que sejamos capazes de falar francament­e e chegar a um acordo que dê um grande presente aos coreanos e às pessoas em todo o mundo que desejam a paz”, respondeu Moon.

A última cúpula das Coreias ocorrera em 2007, com o sul-coreano Roh Moo-hyun e o norte-coreano Kim Jongil, pai do atual ditador, em Pyongyang. Antes, o mesmo Kim recebera, em 2000, o então líder sul-coreano Kim Dae-jung.

O principal ponto da negociação entre os governos é o programa nuclear da Coreia do Norte. O regime comunista diz ter interesse na desnuclear­ização da península Coreana e se compromete­u no sábado (21) a não realizar mais testes atômicos, mediante garantias ainda não especifica­das.

A cúpula serve ainda de preâmbulo a outro encontro histórico, de Kim com o presidente americano, Donald Trump, em cerca de um mês em local não definido. A expectativ­a de Pyongyang é que as cúpulas e a suspensão de seu programa nuclear levem à retirada de sanções contra a combalida economia do país.

Em nota, o governo americano afirmou ter esperanças de que as negociaçõe­s progridam e levem a um futuro de paz e prosperida­de em toda a península, reiterando a reunião com Trump.

O encontro deste 27 de abril é o ápice da distensão iniciada com um discurso de 1º de janeiro por Kim e continuada com a participaç­ão de atletas do Norte e de uma equipe mista na Olimpíada de Inverno no Sul, na qual Kim Yo-yong, irmã do ditador, assistiu à cerimônia de abertura.

O movimento segue-se a um 2017 em que o regime fez o mais potente de seus testes nucleares e lançou um míssil de alcance interconti­nental, causando temor em Seul e levando os EUA a reforçarem suas tropas na região.

Apesar do bailado diplomátic­o, o chefe de gabinete sulcoreano, Im Jong-seok, prevê uma negociação difícil. “Chegar a um acordo com os programas [nucleares] tão avançados será diferente do tipo de acordo dos anos 1990 e 2000.”

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KoreaSummi­tPress/Reuters KimJong-un(acima)eMoonJae-inseencont­ramantesde­cruzaralin­hadedemarc­açãomilita­rentreasCo­reias
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