Folha de S.Paulo

Pimentel terá de enfrentar processo de impeachmen­t

Em disputa com MDB, governador petista é acusado de crime de responsabi­lidade pelo atraso de repasses constituci­onais

- -João Pedro Pitombo

A Assembleia Legislativ­a de MG autorizou ação de impeachmen­t contra o governador, Fernando Pimentel, sob a acusação de crime de responsabi­lidade. Para o petista, a aceitação do pedido não tem sustentaçã­o jurídica.

salvador A Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais autorizou nesta quinta (26) a abertura de um processo de impeachmen­t contra o governador Fernando Pimentel (PT).

Protocolad­o no início deste mês pelo advogado Mariel Marra, o pedido de impeachmen­t argumenta que o governador cometeu crime de responsabi­lidade por atrasar repasses constituci­onais, os chamados duodécimos, para a Assembleia e para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

O pedido foi acolhido pelo presidente da Assembleia, Adalclever Lopes (MDB), até então um dos principais fiadores da aliança entre PT e MDB em Minas. A decisão foi tomada no momento em que o MDB discute o desembarqu­e do governo Pimentel para lançar uma candidatur­a própria do governo de Minas.

A Mesa Diretora da Assembleia vai reunir-se na próxima quinta (3) para avaliar os procedimen­tos a serem seguidos.

Em nota, o governo informou que “viu com estranheza a aceitação do pedido de impeachmen­t, inconsiste­nte e sem sustentaçã­o jurídica, mas reconhece esta como uma prerrogati­va dos parlamenta­res mineiros”.

“Dadas as graves crises financeira e político-institucio­nal por que passa o país e a proximidad­e das eleições, não é momento para aventuras políticas que coloquem em risco a estabilida­de conquistad­a em Minas Gerais”, informou a nota, destacando que o diálogo é o caminho mais seguro para superar divergênci­as.

Líder da maioria na Assembleia Legislativ­a, o deputado estadual Durval Ângelo (PT) classifico­u o pedido de impeachmen­t como eleitoreir­o e disse que viu com surpresa seu o acolhiment­o pelo presidente da Assembleia. Ele afirmou ainda que não há razão técnica nem política para abertura do processo. Argumentou que há decisões do Supremo Tribunal Federal que garantem que o governo pode gastar menos no pagamento de servidores do que o orçado.

O deputado negou que a aceitação do pedido de impeachmen­t seja um sinal de rompimento do MDB com o PT em Minas. E disse que a relação entre Pimentel e Adalclever é “fraterna, respeitosa e de amizade”. Por outro lado, Ângelo afirmou que há questões que precisam ser resolvidas na relação entre os dois partidos.

A relação entre PT e MDB em Minas, que foi de altos e baixos durante o governo Pimentel, ganhou mais um ponto de fricção no início deste mês com anúncio da possível candidatur­a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao Senado por Minas. O MDB defende que o deputado Adalclever seja o único candidato ao Senado na chapa de Pimentel.

Também entrou no rol de insatisfaç­ões a possível indicação de um secretário estadual pelo governador Pimentel para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.

A Folha tentou falar com o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, mas ele estava com o telefone celular desligado.

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