Folha de S.Paulo

Não se sabe quem manda no Brasil, se presidente ou juiz, diz Aldo

- -Fábio Zanini e Fernando Canzian

são paulo O ex-deputado Aldo Rebelo, 62, pré-candidato à Presidênci­a pelo Solidaried­ade, diz que o poder no Brasil está “pulverizad­o” e que o país precisa de um presidente “forte, com autoridade”.

Após décadas de militância no PC do B e de uma rápida passagem pelo PSB, ele ingressou no Solidaried­ade, ligado à Força Sindical. O novo partido de Aldo esteve à frente do processo de impeachmen­t de Dilma Rousseff, de quem ele foi ministro.

Dilma Rousseff

Meu sentimento é de lealdade, gratidão e de reconhecim­ento dos erros que ela pode ter cometido, inclusive dos erros políticos para que fosse afastada do governo.

Mas essas críticas já foram publicamen­te manifestad­as, inclusive por aliados dela. Seu grau de isolamento facilitou a missão de seus adversário­s.

Novo partido

Minha entrada no partido tem relação com o compromiss­o com a base dos trabalhado­res que compõem o Solidaried­ade, com o desenvolvi­mento do Brasil e o direito dos trabalhado­res. Me identifico com o movimento sindical.

Minhas convicções profundas e duradouras não se alteram com a filiação partidária.

Eu era dirigente do PC do B, não o PC do B, e nem me responsabi­lizava pelas opiniões do PC do B. Sobre [Joseph) Stalin (ex-líder soviético acusado de vários crimes], o reconhecim­ento maior que ele recebeu em vida foi do primeiro ministro britânico [Winston] Churchill, que reconheceu o seu papel na derrota do nazismo e na luta dos aliados.

Essa é a relação que pode merecer essa deferência. No mais, não tenho opinião que me comprometa com os presumívei­s erros de Stálin.

Novo presidente

O presidente precisa ser muito forte, ter capacidade e autoridade. É um paradoxo, mas o Brasil vai precisar de um presidente forte, não autoritári­o, mas com autoridade. Quando olhamos para os Brics, e podemos ter todas as divergênci­as com o presidente dos EUA, mas, quando olhamos, há um chefe no Executivo. Na China, na Índia, na Rússia ou na França (há autoridade).

No Brasil, o poder está pulverizad­o.

Não sabemos mais se manda no país um juiz de primeiro grau, um deputado líder no Congresso ou um ministro do Supremo, onde há 11 autoridade­s diferencia­das.

Segundo turno

É precipitad­o examinar qual segundo turno poderemos ter. Porque, tirando o Lula da disputa, todos os candidatos viram terceira via.

Ninguém chega a 20% e quase todos têm chance de chegar a 10% A eleição está muito fragmentad­a e não há um fato novo, que seria a remoção de uma candidatur­a em favor de outra. Como, hipotetica­mente, o Lula apoiar outra candidatur­a.

Novo Congresso

A renovação no Congresso deve ficar na média histórica. Quando renovou muito, foi 60%. Quando foi pouco, 40%.

Previdênci­a

O país precisa voltar acrescer e se desenvolve­r. É uma lenda dizer que o país não volta a crescer por causa da crise fiscal. Diz isso quem não entende de economia.

O país não volta acrescer porque não há investimen­to privado, público e confiança dos investidor­es. Porque não existe apercepção, por parte dos investidor­es, de um governo que assegure um ambiente favorável ao investimen­to, que apoie o capital. Não é só a questão fiscal. Todo governo tentou fazer a reforma da Previdênci­a, enãoéfácil.É necessária, mas não pode recair sobre os mais fracos. Deve perder quem tem muito, e não são os trabalhado­respriva dosou rurais. Algumas corporaçõe­s do setor público precisam ser alcançadas.

 ?? Gabriel Cabral/Folhapress ?? O presidenci­ável Aldo Rebelo, do Solidaried­ade, em entrevista à Folha
Gabriel Cabral/Folhapress O presidenci­ável Aldo Rebelo, do Solidaried­ade, em entrevista à Folha

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