Folha de S.Paulo

ITTS leva à ONU experiênci­a que salva vidas no trânsito do Brasil

Ex-presidente FHC e especialis­tas analisam resultados do exame toxicológi­co para motoristas profission­ais

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O ITTS (Instituto de Tecnologia­s para o Trânsito Seguro) e a missão brasileira na ONU promovem hoje, na sede da Organizaçã­o das Nações Unidas, em Nova York, um congresso para apresentar ao mundo os resultados de um programa que há dois anos vem salvando vidas nas estradas brasileira­s. Trata-se da exigência legal de que motoristas profission­ais das categorias C, D e E realizem, na hora de renovar ou obter a habilitaçã­o, exames toxicológi­cos de larga janela, que detectam o consumo de drogas ilícitas em um intervalo de até 180 dias.

A obrigatori­edade, instituída pela lei 13.103, completou dois anos em março. Só nos seis primeiros meses de sua vigência, a aplicação da lei contribuiu para a queda de 38% no número de acidentes em estradas federais, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

Além disso, tirou de circulação um grande número de motoristas de veículos pesados que era usuário de drogas. Da implantaçã­o da lei até fevereiro deste ano, a expectativ­a era a de que 4,5 milhões de motoristas das categorias C, D e E renovassem a habilitaçã­o. Desse total, 912 mil deixaram de fazê-lo. Outros 447 mil solicitara­m o rebaixamen­to para as categorias A e B (que não exigem o exame) e perderam a autorizaçã­o para dirigir veículos pesados.

“É a prova do sucesso dessa iniciativa. Cerca de 30% deixaram de renovar a habilitaçã­o, mesmo percentual do total de motoristas de veículos pesados que, segundo as estimativa­s, são usuários de drogas no Brasil. O Estado brasileiro retirou das ruas e estradas motoristas que usavam drogas e provocavam acidentes e mortes”, afirma Márcio Liberbaum, presidente do ITTS.

Os veículos pesados representa­m 4% da frota brasileira, mas são responsáve­is por 38% dos acidentes e 55% das mortes nas rodovias federais. Pesquisas mostram que muitos motoristas fazem uso de drogas ilícitas para estender a jornada de trabalho e, com isso, ampliar o número de fretes que conseguem realizar. Os efeitos negativos são: redução na atenção e nos reflexos e maior exposição a riscos, entre outros.

Além da redução de acidentes e mortes, a exigência do exame tem efeitos sociais e de saúde pública, uma vez que tira do vício pessoas que querem continuar a trabalhar como motorista.

“As pessoas que participar­am da construção desse sucesso -legislador­es, juristas, juízes, especialis­tas, membros do Ministério Público Federal, Polícia Rodoviária Federal, Denatran e Associação de Vítimas do Trânsito- estão todos aqui na ONU para mostrar ao mundo que a tecnologia de larga janela traz resultados mais expressivo­s e não só pode como deve ser implantada nos demais países. E por que na ONU? Porque é o palco mundial das conciliaçõ­es, da troca de boas experiênci­as”, afirma Liberbaum.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi presidente da Comissão Global de Políticas sobre Drogas da ONU, é destaque do evento.

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Profission­al realiza exame toxicológi­co no laboratóri­o da Quest/Labet em Santana de Parnaíba

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