Senado dos EUA aprova Mike Pompeo como novo chanceler
Político do Kansas que chefiou à CIA sob Trump vai liderar política externa do país
washington Os Estados Unidos têm, enfim, um novo secretário de Estado: Mike Pompeo, ex-diretor da CIA, foi confirmado no cargo nesta quinta (26) em votação no Senado. O posto ficou vago por mais de um mês, desde que o executivo Rex Tillerson foi demitido pelo presidente Donald Trump no fim de março. Tido como mais linha-dura que o antecessor, Pompeo, 54, assume a condução da política externa americana com pauta cheia, em tempos de ataque à Síria, atritos com a Rússia, ameaça de guerra comercial com a China e às vésperas de um histórico encontro entre Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un.
A indicação de Pompeo foi confirmada por 57 a 42 votos, após queda de braço na comissão de Relações Exteriores do Senado, que questionava sua habilidade para o cargo máximo da diplomacia americana.
O novo secretário, republicano, conservador e eleito deputado pelo estado do Kansas, no miolo do país, é considerado próximo de Trump e compartilha muitas de suas ideias sobre a “América em primeiro lugar”. Pompeo é crítico ao acordo nuclear com o Irã, manifesta ceticismo quanto à mudança climática, defende a manutenção de suspeitos de terrorismo presos em Guantánamo e apoia medidas anti-imigração. “Ele sempre colocará os interesses da América em primeiro lugar. Ele tem minha confiança”, declarou o presidente nesta quinta, chamando Pompeo de “patriota”. Para analistas, a proximidade pode contribuir para elevar o status do Departamento de Estado, que passa por um esvaziamento na gestão do republicano, com redução de orçamento e vacância de postos diplomáticos.
Por outro lado, críticos acusam Pompeo de falta de traquejo diplomático, citando seus comentários preconceituosos sobre muçulmanos e gays, e relembram que ele defendeu intervenções militares incisivas contra o Irã, por exemplo —algo que seu chefe na Casa Branca não propõe. “Espero que ele vá mais adiante que seu antecessor. Mas, considerando o histórico, duvido”, afirmou Jessica Brandt, pesquisadora da Brookings Institution.
Em seis anos no Congresso, Pompeo insinuou que líderes islâmicos estariam por trás do atentado de 2013 contra maratona de Boston (os autores foram dois irmãos muçulmanos de origem tchetchena) e afirmou que eles eram cúmplices da violência terrorist. O republicano também apoiou uma lei que acabava com o acolhimento de refugiados pelos EUA, defendeu pena de morte para Edward Snowden, que revelou práticas de espionagem do governo americano, e criticou o relatório do Senado que apontou o uso de tortura em interrogatórios da CIA —embora tenha rejeitado a prática ao ser indicado para chefiar a agência. Na sabatina no Senado, adotou tom moderado ao defender uma saída negociada para as tensões no Oriente Médio e prometer recuperar o status da diplomacia americana. Ainda assim, sua indicação não conseguiu amplo apoio da oposição, como costuma ser a praxe com secretários de Estado. Dos 57 votos que teve, só 7 vieram de políticos democratas ou independentes. “Estou tentando entender em qual Pompeo terei que votar”, afirmou o democrata Bob Menendez, ao questionar o compromisso do secretário com suas respostas na sabatina. Trump festejou o aval do Senado e disse que o novo chaceneler será “um ativo incrível para o país em um momento crítico da história”. Na Páscoa, antes da confirmação no posto, Pompeo foi à Coreia do Norte reunir-se com o ditador Kim Jong-un, no encontro mais graduado entre os dois países em 18 anos.