Folha de S.Paulo

Turista já encontra dólar a R$ 3,88 em casas de câmbio

Operadoras de viagens afirmam que alta da moeda ainda não afetou preço de pacotes e apostam em promoções

- Ana Luiza Tieghi e Danielle Brant

são paulo O turista que tem viagem marcada para os Estados Unidos nos próximos meses e não planejou a compra de dólar vai ter de desembolsa­r mais nas casas de câmbio.

Apesar de a moeda americana ter fechado a R$ 3,47 nesta quinta-feira (26) no mercado à vista, nas corretoras o dólar turismo chega a R$ 3,88 —quase 12% mais caro.

Nesta sessão, o dólar fechou em baixa de 0,22%, cotado a R$ 3,478. Foi a primeira queda depois de cinco altas seguidas que fizeram a moeda americana atingir R$ 3,51.

Essa aceleração da alta da moeda americana ocorreu em meio a uma cautela com aumentos adicionais nas taxas de juros dos Estados Unidos, após uma elevação dos preços de commoditie­s que causou preocupaçõ­es em relação à inflação americana.

Aqui, fatores domésticos também pesaram, entre eles a incerteza com a diretriz econômica dos pré-candidatos que lideram as pesquisas eleitorais. Essa dúvida fez investidor­es buscarem proteção em dólar e em contratos futuros da moeda, pressionan­do para cima a cotação.

Nas casas de câmbio, que cobram um percentual adicional sobre o valor para compensar custos e garantir sua receita, o cliente viu a cotação disparar em uma semana (veja ao lado).

Por outro lado, operadoras de viagem dizem que o aumento da moeda tem pouco efeito sobre o preço final dos pacotes. Para segurar o valor, as empresas negociam descontos com os fornecedor­es.

Outra estratégia é congelar o dólar. Na CVC, ele é cotado a R$ 3,34, medida que, de acordo com seu diretor-geral, Emerson Belan, deve se manter até a segunda-feira (30).

A empresa vai retomar nesta sexta (27) a promoção de euro reduzido, que fez no início do mês. A moeda vai valer R$ 3,99 nos roteiros europeus.

A operadora diz que a procura por pacotes ficou estável. Além do dólar reduzido, tentam segurar as vendas com parcelamen­to em 12 vezes e pagamento da primeira parcela em 60 dias para pacotes com saída a partir de julho.

Já a Agaxtur registrou 30% de aumento na consulta por pacotes desde quarta (25), segundo o presidente da operadora, Aldo Leone Filho. “As pessoas estão vendo que o câmbio estará mais alto e decidindo as viagens rápido.”

Para ele, o dólar caro não é suficiente para convencer o cliente a mudar sua viagem e optar por um pacote nacional.

Belan concorda que o consumidor não deixa de fazer sua viagem. Em vez disso, diminui o número de diárias e a categoria do hotel.

A Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens) identifico­u uma queda nas últimas semanas na procura por viagens internacio­nais para julho. Porém, destaca que a maior parte das vendas para o mês começa em maio.

“A Copa também é um fator a pesar na menor procura por viagens distantes”, diz a associação em nota.

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Fonte: CMA

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