Humorista Agildo Ribeiro morre aos 86 anos no Rio
Aos 86, ator era dos poucos remanescentes da geração que desenvolveu linguagem cômica televisiva que se nota até hoje
são paulo Com a morte de Agildo Ribeiro neste sábado (28), aos 86 anos, devido a problemas cardíacos, restam poucos integrantes da geração que implantou o humorismo na televisão brasileira.
Ao lado de nomes como Chico Anysio, Paulo Silvino, Renato Corte Real, José Vasconcellos e Jô Soares (só o último ainda está vivo), Agildo participou de vários dos primeiros programas humorísticos, como “TV Ó, Canal Zero, TV1, Canal Meio” e “Balança Mas Não Cai”.
Traziam influências do rádio e do teatro de revista, mas em pouco tempo desenvolveram uma linguagem própria —e que evoluiu para o estilo a que se pode assistir até hoje em atrações como “Zorra” ou “Tá no Ar” (ambas da Globo).
Exímio imitador, excelente showman e criador de tipos antológicos, como o professor Arquelau (do bordão “múmia paralítica!”), Agildo vai entrar para a história como um dos nossos maiores comediantes. Mas seu talento ia além da comédia —aliás, reconhecida por ele como bem mais difícil do que o drama.
Agildo também era excelente ator dramático. Uma figura intensa em cena, como se pode conferir no filme “O Homem do Ano” (2003) ou em um episódio da série “As Canalhas” (GNT, 2013).
Nascido em uma família tradicional carioca (seu sobrenome paterno era Barata Ribeiro, nome de uma das ruas mais famosas de Copacabana), Agildo se destacou ainda jovem, nos anos 1950, no papel de João Grilo em uma montagem de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
Muito mais do que o cinema ou o teatro, foi a TV que lhe deu fama. Conhecido pelo humor cáustico, também soube ser carinhoso ao servir de escada para o ratinho Topo Gigio, um fantoche de origem italiana que fez enorme sucesso no Brasil (e no resto do mundo) no começo da década de 1970.
Anos depois, a enorme audiência de humorísticos como “Planeta dos Homens” (Globo, 1976-1982) em Portugal fez com que Agildo aceitasse o convite da emissora RTP e comandasse, em 1994, o programa “Isto é o Agildo”, gravado em terras lusas.
Casado cinco vezes, teve um único filho, fora do casamento, cuja existência só descobriu em 2012.
Amado pelos colegas, adorado pelo público, Agildo Ribeiro vinha fazendo poucas aparições na Globo, onde tinha contrato até 2021. A última vez foi no episódio final da quinta temporada de “Tá no Ar”, exibido no dia 17 de abril e dedicado ao humor na TV.
Agildo participou de um quadro ao lado da também veterana Berta Loran e ainda foi lembrado no clipe final, um grande tributo aos programas e comediantes que mais marcaram a história da televisão brasileira.
Foi uma saideira digna e emocionante. Mas Agildo Ribeiro merece muito mais: que bom que as homenagens já começaram.
O velório será neste domingo (29), a partir das 10h, na capela 1 do Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, seguido de cerimônia de cremação restrita para a família.