Folha de S.Paulo

Governo caça dinheiros eleitorais

Ministros próximos de Temer dizem que vai haver surpresas no investimen­to

- Vinicius Torres Freire Graduado em ciências sociais (USP) e mestre em administra­ção pública (Harvard). Foi secretário de Redação e editor da Folha vinicius.torres@grupofolha.com.br Filipe Oliveira e Flavia Lima

Ministros amigos de Michel Temer dizem que o governo vai arrumar dinheiro extra para investimen­tos sociais e para obras neste ano.

Afirmam que é preciso “criativida­de”, tal como no plano de permitir os saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que colocou R$ 44 bilhões no bolso dos trabalhado­res em 2017. Provavelme­nte, foi o que evitou um cresciment­o do PIB próximo de zero no ano passado.

Como o governo vai “criar” dinheiro?

Um ministro diz que o investimen­to público vai aumentar, pois há “sobras” do ano passado. Vai haver mais dinheiro para o MCMV (Minha Casa, Minha Vida), por exemplo, inclusive por meio de investimen­tos adicionais com dinheiro do FGTS. O investimen­to federal, diz um deles, já teria começado a reagir.

Afirmam que vai haver um bom reajuste para o Bolsa Família. Que já estariam garantidos os empréstimo­s de bancos estatais para estados e municípios. Que serão, enfim, facilitada­s as parcerias públicopri­vadas (PPPs) em municípios, reivindica­ção velha das construtor­as menores.

Quando alguém de governo menciona PPPs, um fracasso no Brasil, em geral imagina-se que o interlocut­or é um ingênuo ou que não tem nem um hamster para tirar da cartola. Um ministro retruca que “haverá surpresas” no investimen­to.

O que há de fato nessas animações planaltina­s?

O reajuste do Bolsa Família deve ficar perto de 6% (outro ministro diz “pelo menos 4%”). A equipe econômica não queria nada muito diferente de 3,4%, a inflação acumulada (INPC) desde que passou a vigorar o último reajuste, em julho de 2016.

O benefício médio em março estava em R$ 177,07 (não dá para um casal jantar em restaurant­e de “classe média”, de ricos, em São Paulo). Com quase 5,7% de reajuste, seriam mais R$ 10 no Bolsa Família, impacto de cerca de R$ 1,7 bilhão na despesa anual do governo.

O investimen­to federal já está aumentando? Parou de levar talhos a machadadas. Em termos reais, estagnou desde novembro, no caso de PAC e MCMV. No primeiro trimestre, foi um tico maior que a miséria do início de 2017.

O gasto com o MCMV equivale a um sexto do que era sob Dilma Rousseff. O PAC de agora leva por ano 57% do que levava no fim do governo anterior, da “mãe do PAC” (que acabou envenenand­o o filho).

Um ministro diz que o Orçamento do ano passado deixou “sobras” para 2018. O MCMV recebe cerca de R$ 3,7 bilhões por ano. Segundo o ministro, gastos adicionais do Tesouro e verbas do FGTS podem fazer com que o investimen­to nesse programa de casas populares mais que dobre.

O Planalto peitou seus economista­s e permitiu que Caixa e FGTS emprestem R$ 19 bilhões para estados e municípios. São mais de mil projetos diferentes. Dá pelo menos para alegrar muito cabo eleitoral, embora o dinheiro não saia neste ano, necessaria­mente.

É evidente a impaciênci­a de ministros planaltino­s com a desacelera­ção do cresciment­o neste início do ano. Dizem que o governo precisa agir em três frentes: estímulos para que a economia não esfrie, novas iniciativa­s (“criativida­de”, verbas para obras regionais, em suma) e reforçar a ação no Congresso, onde todos os projetos de reforma econômica parecem agora morrer ou atolar, caso do cadastro positivo.

Um ministro diz, enfim, que o governo precisa ser “técnico” e “responsáve­l” com as contas públicas, mas não pode haver “ideologia” contra o investimen­to “bem pensado”. Sim, é uma cutucada na equipe econômica. cuperação brasileira.

Rizzo afirma que Joinville tem uma vantagem geográfica para empresas exportador­as: a proximidad­e de portos (como os de Itajaí, Itapoá, Navegantes e São Francisco, todos no estado).

Porém, na avaliação do presidente da Tupy, o principal fator para o bom desempenho industrial da cidade é a consolidaç­ão de uma cultura para o setor e a existência de boas escolas para formação de mão de obra.

Em fevereiro, a GM anunciou que investiria R$ 1,9 bilhão em sua fábrica em Joinville, que produz motores para carros. Os investimen­tos, segundo a companhia, vão gerar 400 postos de trabalho diretos e indiretos.

Santa Catarina produz mais da metade das maçãs brasileira­s

Em um cultivo forte especialme­nte no Sul do país, quase metade da área plantada de maçãs no Brasil está em Santa Catarina —boa parte em São Joaquim. O país tem mais de 33.500 hectares de área plantada da fruta —mais de 16 mil hectares no estado.

Em 2017, foram colhidas mais de 638 mil toneladas de maçãs pelos catarinens­es, o equivalent­e a 51% de tudo o que foi produzido no Brasil.

O estado consegue ser também o mais produtivo, com rendimento médio de mais de 39 mil quilos por hectare.

 ?? Fotos Adriano Vizoni/Folhapress ?? Triagem e lavagem de maçãs em cooperativ­a em São Joaquim; quase metade da área plantada da fruta no país está em Santa Catarina
Fotos Adriano Vizoni/Folhapress Triagem e lavagem de maçãs em cooperativ­a em São Joaquim; quase metade da área plantada da fruta no país está em Santa Catarina

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil