Um Cruzeiro mexicano
O primeiro clube a vestir uma seleção de Copa do Mundo nasceu em Porto Alegre, alheio à dupla Gre-Nal, ajudou um México então grená
são paulo Numa tarde de julho de 1950, com céu aberto e o sol tentando esquentar um dia de inverno de Porto Alegre, um clube de lá jogou a Copa do Mundo. Como a dupla Gre-Nal já não precisa mais de motivos para fazer sua rivalidade ferver, que o Cruzeiro-RS tenha sido o time escolhido acabou sendo uma solução no mínimo simpática.
O primeiro clube a se beneficiar dos improvisos da história da Copa do Mundo foi aquele gaúcho fundado em 14 de julho de 1913, e que hoje manda seus jogos em Cachoeirinha, na região metropolitana da capital estadual.
O torcedor colorado esteve perto de ter uma anedota para provocar seus rivais. Afinal, seu antigo estádio dos Eucaliptos era uma das sedes do Mundial de 1950. Seria natural que o Inter tirasse da rouparia seus uniformes quando México, Suíça e a Fifa percebessem que as duas seleções usavam tom parecido.
Sim, àquela época o grená ainda era a cor predominante para a seleção mexicana —a versão esmeraldina só seria adotada em 1958. Não teve jeito: alguém teria de buscar alternativa. Sobrou para o México.
Aquele já seria o segundo jogo dessa seleção em Porto Alegre. Dias antes, haviam perdido para a Iugoslávia. Entre uma partida e outra, a delegação desfrutou de um bom churrasco gaúcho.
Com a camisa de listras verticais em azul e branco, fizeram seu jogo mais competitivo por aquela Copa. Ainda assim, perderam, como era de praxe para a seleção naqueles tempos. Para o Cruzeiro-RS, era Copa do Mundo de qualquer maneira.
Bem-vindos
O México foi a primeira seleção a enfrentar o Brasil no Maracanã, pelo primeiro jogo oficial do estádio.
CAMPANHA
24.jun, no Rio de Janeiro Brasil 4 x 0 México
28.jun, em Porto Alegre Iugoslávia 4 x 1 México
2.jul, em Porto Alegre Suíça 2 x 1 México
Não perca
Será que com a camisa de Grêmio ou Internacional mais torcedores teriam comparecido? Só 3.580 espectadores testemunharam a vitória da Suíça sobre o México. Aquele foi o menor público da Copa. Praticamente um terço da audiência presente para o primeiro jogo em Porto Alegre.
Mon dieu
As duas partidas envolvendo completa, Ligue ou na compra da coleção
Grande São Paulo) (outras localidades). os mexicanos foram as únicas que Porto Alegre recebeu pela Copa de 1950. O plano inicial dos organizadores previa um calendário mais extenso, incluindo a França. Os compatriotas de Jules Rimet, presidente da Fifa, desistiram quando descobriram que teriam de viajar mais de 3.700 km entre a capital gaúcha e Recife, deixando o Grupo 4 apenas com Uruguai e Bolívia.
O dono da camisa: Horacio Casarín
Autor do gol mexicano contra os suíços, o centroavante e capitão foi até 1982 o maior artilheiro da liga local, ultrapassado pelo baiano Evanivaldo Castro Silva, o “Cabinho”, ex-Portuguesa. Casarín teve passagem pelo Barcelona em 1948, quatro anos depois de ter sido até estrela de cinema em seu país, com “Os Filhos de Don Venancio” (interpretando um jogador de futebol e um dos filhos do Don Venancio do título). Nos anos 1970, virou treinador. Morreu em 2005, já lidando há anos com sintomas de Alzheimer.