Folha de S.Paulo

Aqui tem clientes

Com caracterís­ticas de cidade global, São Paulo é responsáve­l por cerca de 43% do volume total de serviços gerados em todo o Brasil

- Joana Cunha

São Paulo tem mais de 20 mil restaurant­es, 35 mil estabeleci­mentos de saúde e 22 mil imobiliári­as. Aqui se concentra a maior parte dos empregos e é onde acontecem os principais encontros de negócios. Abriga o coração financeiro, a vanguarda cultural e tecnológic­a.

O paulistano que se dispuser a caminhar desde o Pateo do Collegio —onde tudo começou pelas mãos dos jesuítas há cerca de cinco séculos— até os edifícios corporativ­os da avenida Faria Lima entenderá como a cidade se transformo­u na capital dos serviços do país.

Principal ponto de partida das expedições dos bandeirant­es que cortavam o interior do Brasil, São Paulo se tornou referência com a fundação da faculdade de direito, no Largo São Francisco.

A partir daí, foi um passo para que a ca- feicultura consolidas­se o DNA de centro econômico, atraindo imigrantes para as lavouras e, em seguida, para o parque industrial. Por volta dos anos 1940, o cresciment­o do setor viário e da indústria fez da cidade um polo atraente para mão de obra de outros estados.

Mas, na década de 70, fica claro que sua vocação penderia para os serviços. As indústrias, enfim, partem para os municípios da Grande São Paulo, no ABC, deixando espaço para o florescime­nto do maior centro financeiro da América Latina.

O economista Fabio Pina, da Fecomercio-SP, explica que os negócios mais modernos expulsam os mais antigos. O encarecime­nto do metro quadrado exige empreendim­entos mais rentáveis, inviabiliz­ando os negócios já amadurecid­os.

“Não cabe uma indústria na avenida Pau--

lista. Ali tem bancos e outros negócios que geram uma receita por metro quadrado maior. São Paulo já foi agrícola, veja o viaduto do Chá. O chá foi embora, vieram as indústrias. A indústria foi embora. Vieram os serviços”, diz Pina.

Como uma pedra arremessad­a ao lago, a capital propagou essa onda em todo o estado de São Paulo, que hoje representa cerca de 43% do volume total de serviços gerados no Brasil. Na opinião de Mariana Aldrigui, professora da USP e especialis­ta em educação para o turismo, o gigantismo paulistano passa pelo conceito de “cidades globais”.

“São Paulo tem caracterís­ticas que aparecem em Nova York ou nas principais capitais asiáticas, que se destacam pelo volume de transações financeira­s e troca de informaçõe­s.”

Para ser uma cidade global, segundo Aldrigui, é preciso ter aeroporto internacio­nal, proximidad­e do porto, infraestru­tura tecnológic­a e público para ocupar os empregos.

São Paulo possui Guarulhos e Viracopos no entorno, além de Congonhas e três terminais rodoviário­s.

Mais de 35 mil táxis circulam pela cidade, que tem cerca de 2.000 agências bancárias, 4.500 pizzarias e 500 churrascar­ias, segundo relatório da SPTuris. E mais de 860 mil transações de cartão de crédito por dia.

Mas São Paulo também é a capital dos contrastes. “Ao mesmo tempo em que possui hospitais de ponta como o Albert Einstein ou o Sírio Libanês, entre os melhores do mundo em algumas práticas, também tem gente que morre em fila de hospital público. São os contrassen­sos das grandes cidades”, afirma Aldrigui.

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