Folha de S.Paulo

Eldorado

- Ivaporundu­va

Município de Eldorado concentra 11 comunidade­s quilombola­s

Abobral

André Lopes Engenho Galvão Nhunguara Pedro Cubas de Cima Pedro Cubas de Baixo Poça

São Pedro Sapatu um irmão nosso, afeta todos nós”, segue Débora. “Se a gente não produzisse, não ajudaria a movimentar a economia aqui. Inclusive, a gente compra nas lojas da família dele.”

Pelas ruas, é comum moradores apontarem lojas de móveis e eletrodomé­sticos que pertencem à família de Bolsonaro. O parlamenta­r passou a infância e parte da adolescênc­ia na cidade e costuma retornar nas férias, uma vez por ano. Irmãos e a mãe dele ainda moram na região..

Com 120 famílias, Ivaporundu­va difere de outros quilombos por ter um núcleo central. É uma vila com casas, escola, posto de saúde e igreja de pau a pique de 1630. Organizado­s em uma associação, habitantes do povoado participam coletivame­nte da produção de banana, vendida para programas de governo que direcionam alimentos para merenda escolar e projetos sociais.

Parte dos moradores trabalha fora de lá. Alguns têm empregos no comércio na cidade.

O turismo é outra tarefa compartilh­ada. Na comunidade tem uma pousada onde visitantes têm direito a palestras sobre a história do local.

Na quarta (25), às vésperas da chegada para o feriadão do Dia do Trabalho, Rosimeire Paula Morais Silva, 45, passava as roupas de cama do local.

Pela jornada, ela receberia R$ 50. Outros moradores também ganham diárias para trabalhar no local, limpando ou cozinhando, por exemplo.

Segundo o líder comunitári­o Ditão, a receita anual de Ivaporundu­va é de cerca de R$ 1 milhão. “Aqui não tem ninguém rico, mas também não vê ninguém miserável.”

Dados do ISA (Instituto Socioambie­ntal), que monitora e auxilia as comunidade­s, mostram que a Cooperativ­a de Agricultor­es Quilombola­s do Vale do Ribeira vendeu em 2015 mais de 36 toneladas de alimentos via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal.

Esses produtos, de 70 variedades diferentes, foram fornecidos por 131 agricultor­es. A cooperativ­a também tem como clientes o Programa Nacional de Alimentaçã­o Escolar e empresas privadas.

“O quilombola luta por terra”, diz Setembrino da Guia Marinho, 46, agricultor em Ivaporundu­va. “E, se a gente quer área, é para produzir.”

A disputa por terra historicam­ente opõe fazendeiro­s e quilombola­s. “Proprietár­ios não reconhecem território­s e tentam invadi-los, mesmo com a conquista da titularida­de pelas comunidade­s”, diz Ivy Wiens, técnica da entidade.

O principal atrito, de acordo

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