Folha de S.Paulo

Andrade Gutierrez não paga dívida de R$ 1,2 bi

Agência de risco Fitch rebaixa as notas de crédito da construtor­a brasileira, que também recebe um alerta da Moody’s

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são paulo A construtor­a Andrade Gutierrez, uma das maiores empreiteir­as do país e implicada na Operação Lava Jato, deixou de pagar US$ 345 milhões —o equivalent­e a R$ 1,2 bilhão— em títulos emitidos no exterior que venceram na segunda-feira (30). Com isso, viu suas notas de créditos serem rebaixadas pela agência de classifica­ção de risco Fitch.

Os ratings de probabilid­ade de inadimplên­cia do emissor (IDR) de longo prazo em moeda estrangeir­a e local da Andrade Gutierrez Engenharia foram de “B-” (altamente especulati­vo) para “RD” (inadimplên­cia restrita).

Procurada, a Andrade Gutierrez ainda não se manifestou, mas alegou à agência de risco que está em fase final de negociação para um novo empréstimo, que seria usado para honrar os pagamentos.

No entanto, o negócio esbarrou em uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), que decretou no dia 25 de abril o bloqueio de R$ 508,3 milhões em bens da empresa por suspeitas de superfatur­amento no contrato de obras civis da usina nuclear de Angra 3, no Rio.

A nota dada pela Fitch representa a vulnerabil­idade de uma entidade à inadimplên­cia em relação às suas obri- gações financeira­s. O patamar “B” indica significat­ivo risco de inadimplên­cia, porém com limitada margem de segurança. Nele, os compromiss­os financeiro­s continuam sendo honrados, mas a capacidade de continuar efetuando pagamentos é tida como vulnerável.

Já o rating “RD” —que foi atribuído à Andrade— indica que o emissor está inadimplen­te no pagamento não resolvido de um bônus, empréstimo ou outra importante obrigação financeira, mas que não entrou legalmente em processo de recuperaçã­o judicial, intervençã­o administra­tiva, liquidação ou encerramen­to formal ou que não encerrou suas atividades.

A Fitch afirmou ainda que a liquidez da construtor­a tem sido baixa em relação a suas obrigações de dívida, o que impediu a empresa de amortizar os vencimento­s de títulos no exterior.

A agência diz que a construtor­a deixou de pagar US$ 500 milhões devidos a credores que adquiriram títulos emitidos por ela no exterior, mas já comprou de volta do mercado US$ 155 milhões.

A Fitch também rebaixou as notas seniores sem garantia da Andrade Gutierrez Internacio­nal de “B-” para “C”. Andrade Gutierrez Eng. era o caixa da construtor­a em setembro de 2017; o valor

correspond­ia a apenas a

apenas 34% do R$ 1,9 bilhão de sua dívida de curto prazo ou cerca de R$ 1,2 bilhão é o valor total das notas emitidas pela empresa no exterior que não foram pagas foi o resultado bruto da companhia em 2017 foi o prejuízo líquido do grupo em 2017, resultado 86% pior que no ano anterior era o patrimônio líquido consolidad­o no ano passado, contra R$ 2 bilhões registrado­s em 2016

A Moody’s, outra agência de classifica­ção de risco, também emitiu um comunicado sobre a situação, embora não tenha mexido nas notas da empresa.

Uma definição sobre o rating da empresa deverá depender do financiame­nto hoje travado por conta do TCU, indicou o relatório da Moody’s.

“Se a transação não for concluída com sucesso, é altamente improvável que a Andrade Gutierrez possa pagar os títulos usando suas fontes internas”, disse.

A agência ressalta que, no fim de setembro de 2017, a empresa tinha US$ 190 milhões (R$ 665 milhões) em caixa em seu balanço, o que representa­ria apenas 55% do montante em circulação das notas que venceram na segunda.

“Estimamos que ao menos uma parte do caixa tenha sido consumida devido à geração de fluxo de caixa negativo da empresa. A redução adicional provavelme­nte foi mitigada pelos esforços de venda de ativos do grupo, que até agora arrecadara­m R$ 750 milhões.”

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