Itaú quer compensar spread menor com volume; ação cai 4,5%
são paulo O Itaú Unibanco prevê compensar a queda do spread bancário —diferença entre o juro que o banco capta e o que empresta dinheiro— com um aumento nas concessões de empréstimos e uma aposta nas linhas de crédito menos arriscadas, disse nesta quarta-feira (2) Candido Bracher, presidente do maior banco privado do país.
Em teleconferência na qual comentou a alta de 3,9% no lucro do Itaú no trimestre, para R$ 6,419 bilhões, Bracher disse que o banco conta com uma redução do spread pelo cenário de inadimplência controlada —no Brasil, recuou de 4,2% para 3,7% em um ano— e pela queda da taxa básica Selic, atualmente em 6,5% ao ano.
“Vamos ver uma redução do spread em cada uma das linhas que a gente opera. O cheque especial deve ter queda de spread, cartão de crédito também, consignado. A queda do spread de cada uma das linhas individualmente deve impactar negativamente o nosso resultado”, afirmou Bracher.
Segundo ele, a mudança na composição da carteira de crédito do banco, com foco em pessoas físicas e pequenas e médias empresas e linhas menos arriscadas, como o consignado, e o aumento do volume de concessões compensarão a queda do spread.
Apesar de vir em linha com o esperado, o balanço do banco desagradou. As ações recuaram 4,5% e puxaram a Bolsa, que caiu 1,8%. Os papéis da holding Itaúsa perderam 5,95%.
Para Rafael Passos, analista da Guide, parte do mau humor se deve ao fato de a carteira de crédito ter ficado praticamente estável no Brasil —na comparação anual, caiu 0,6%. O cenário só melhora quando se computam os empréstimos na América Latina. Nesse caso, a carteira cresce 2,4%.
A carteira de crédito de grandes empresas no Brasil recuou 8,3% em um ano. Na conferência, Bracher disse que o banco poderia emprestarparaconglomerados que foram alvos da Lava Jato e que assinarem acordos de leniência com autoridades governamentais, desde que tenha expectativa dequereceberáoquejáemprestou.