Folha de S.Paulo

Vereadores autorizam prefeitura a vender complexo do Anhembi

Cronograma da gestão Bruno Covas (PSDB) prevê essa privatizaç­ão até setembro

- -Guilherme Seto

são paulo Os vereadores de São Paulo aprovaram nesta quarta (2) o projeto de lei que autoriza a privatizaç­ão do complexo do Anhembi, na zona norte. Como a autorizaçã­o se deu em segunda votação, a prefeitura já conta com o aval definitivo da Câmara Municipal para desestatiz­ar o local.

O projeto de lei precisava de 33 votos para ser aprovado — conseguiu 44 a favor, contra 11 desfavoráv­eis. Agora ele seguirá para a sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB).

O projeto aprovado nesta quarta define os parâmetros para a intervençã­o urbana na região, permitindo que o potencial construtiv­o do empreendim­ento passe dos atuais 1 milhão de m² para 1,7 milhão de m², mais de quatro vezes a área total do terreno.

A mudança autoriza o au- mento da área construída do terreno, o que seria interessan­te para possíveis empresas interessad­as. O acréscimo de potencial só será concedido se o Anhembi mantiver por 20 anos sua função de centro de convenções e exposições.

Os defensores da proposta, como o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), afirmam que o aumento do potencial construtiv­o valorizará o local para que a prefeitura consiga propostas maiores na venda.

Os críticos veem excesso de submissão ao mercado. “Estão fazendo de maneira descuidada porque estão se pautando pela mercantili­zação da terra urbana exclusivam­ente para interesses privados. É um desperdíci­o de uma área estratégic­a”, diz o arquiteto Anderson Kazuo Nakano, ex-diretor de departamen­to na Secretaria de Desenvolvi­mento Urbano.

Segundo o cronograma da gestão Covas, o Anhembi deve ser vendido em setembro, convertend­o-se em um dos primeiros retornos de destaque do projeto tucano.

“O Anhembi é o principal projeto do pacote de desestatiz­ação, prioridade de Doria e de Covas”, disse o líder do governo na Câmara, vereador João Jorge (PSDB).

Secretário municipal de Desestatiz­ação, Wilson Poit diz que o próximo item a ser debatido na Câmara será a venda de imóveis da prefeitura.

Emendas do vereador Police Neto (PSD) ao projeto de lei do Anhembi direcionar­am parte dosrecurso­sàzonanort­e.A primeira, aprovada em 2017, fixou que 20% do arrecadado seja investido na região.

Outra, incluída na versão final do projeto de lei, definiu que tudo o que for arrecadado com outorgas onerosas (taxa que um empreended­or deve pagar para construir uma área maior do que a definida pela lei em determinad­o local) ficará também na zona norte.

Também será privatizad­a a SPTuris (empresa municipal de turismo e eventos), que tem cerca de 450 funcionári­os (de destino ainda indefinido após a desestatiz­ação) e receita anual de R$ 250 milhões. O leilão acontecerá na Bolsa de Valores até setembro.

O maior patrimônio da SPTuris são as instalaçõe­s do Anhembi, que têm aproximada­mente 400 mil m², divididos em três áreas (pavilhão de exposições, Palácio das Convenções e sambódromo). O espaço recebe 3,5 milhões de pessoas em 150 eventos anuais.

O sambódromo deverá ser mantido pela empresa que adquirir o complexo, que terá que cedê-lo por 75 dias ao ano para o Carnaval e para eventos religiosos.

Maioria das desestatiz­ações já foi aprovada pela Câmara, mas nenhuma foi concluída até agora

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Gabriel Cabral/Folhapress

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