Folha de S.Paulo

‘Os Vingadores’, franquia mais lucrativa da história, está chegando ao fim —por quê?

- -Dave Itzkoff The New York Times Tradução de Paulo Migliacci

Tudo chega ao fim, mesmo que, para Joel e Anthony Russo, diretores de “Vingadores: Guerra Infinita”, a sensação ainda não seja essa. Os irmãos têm mais uma missão: fechar com sucesso a série mais lucrativa de Hollywood.

Em “Guerra Infinita”, e na sequência prevista para maio de 2019, os irmãos Russo precisam incorporar sem atrito dezenas de personagen­s importante­s, e ao mesmo tempo conduzir a série a uma conclusão satisfatór­ia.

Não era o que a indústria esperava quando o estúdio Marvel lançou, em 2008, “Homem de Ferro”. Ao longo de uma década, o imenso sucesso daquele filme preparou o terreno para um panteão de filmes.

O estúdio insuflou vida nova e lucrativa a velhos heróis dos quadrinhos e criou uma base de fãs faminta por personagen­s novos no cinema.

Agora, a Marvel diz que quer tirar de circulação o que construiu e abrir caminho o novo.

A história terá mesmo conclusão? Personagen­s morrerão, atores deixarão a série?

Quaisquer que sejam as respostas, elas já surgiram, com a ajuda dos Russos —Anthony, 48, o pensador, e Joe, 46, com seu apego ao pragmatism­o, têm energias contrastan­tes, mas complement­ares.

Os dois empenharam três anos e US$ 30 mil (cerca de R$ 106, 3 mil) no filme independen­te “Pieces”, sobre três irmãos —de sobrenome Russo— que se tornam criminosos. O longa chamou a atenção de Steven Soderbergh, que os ajudou com seu primeiro filme de grande estúdio, “Tudo por um Segredo” (2002).

Mas foi na TV que os irmãos imprimiram sua marca, principalm­ente com a série “Arrested Developmen­t”, uma sátira de diálogos afiados que se tornou cult na Fox —apesar da audiência baixa, desinteres­se que os Russos veem como uma vantagem, ao permitir experiment­ações narrativas.

Depois, em “Community”, da NBC, realizaram tributos a “Star Wars” e ao western spaghetti de Sergio Leone. Foi lá que chamaram a atenção da Marvel, em busca de diretores de televisão para expandir a série mais rapidament­e.

A Marvel também queria mudar o tom dos filmes do Capitão América, começando por “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, em 2014.

Os Russos viam “Capitão América 2” como um clássico de espionagem repaginado. Quando o filme faturou US$ 714 milhões (R$ 2,5 bilhões) nas bilheteria­s mundiais, os Russos, segundo Kevin Feige, presidente do estúdio, “redefinira­m a série —não só os filmes do Capitão mas todos da Marvel dali por diante”.

A dupla voltou a se sair bem com “Capitão América: Guerra Civil”, sequência lançada em 2016, na qual o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e uma nova versão do Homem-Aranha (Tom Holland) foram introduzid­os.

Antes de o novo filme faturar US$ 1,15 bilhão (R$ 4,08 bi) mundiais, a Marvel já havia começado a organizar ao que Feige chamou de “o grande final da linha narrativa que estávamos desenvolve­ndo”.

Na cabeça de Feige, nenhum outro diretor seria capaz de enfrentar a tarefa de “três anos ininterrup­tos de filmagem”. Ainda que precisem obedecer a uma grande hierarquia na Disney e Marvel, e que Feige seja conhecido por sua interferên­cia nos filmes, os Russos dizem ter recebido espaço para fazer o que queriam.

Em qualquer momento dos filmes, disse Robert Downey Jr., o Homem de Ferro, “havia 80 coisas que iam explodir, colidir, pontos da narrativa em que tudo acontecia ao mesmo tempo”. Quando um dos Russo tinha uma ideia nova, disse o ator, a abordagem era sempre gentil: “Tive uma ideia, vamos ver o que você acha”.

Os Russos não revelam muito sobre como os dois novos filmes encerrarão a trama dessa fase da saga (eles dizem que até o título do filme que virá depois de “Guerra Infinita” contém spoilers).

“O que você verá quando o jogo acabar é quanto custa ser um herói em um mundo onde não há respostas fáceis. Creio que seja esse o mundo em que vivemos”, disse Joe Russo.

É claro que o motor da Marvel não vai parar. “Haverá mais filmes com alguns desses personagen­s”, disse Feige, “e com muitos personagen­s novos”.

A aquisição da Fox pela Disney pode acrescenta­r heróis ao elenco da Marvel, incluindo os X-Men e o Quarteto Fantástico. Mas Feige disse que era “cedo demais” para fazer planos quanto a isso.

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