‘Os Vingadores’, franquia mais lucrativa da história, está chegando ao fim —por quê?
Tudo chega ao fim, mesmo que, para Joel e Anthony Russo, diretores de “Vingadores: Guerra Infinita”, a sensação ainda não seja essa. Os irmãos têm mais uma missão: fechar com sucesso a série mais lucrativa de Hollywood.
Em “Guerra Infinita”, e na sequência prevista para maio de 2019, os irmãos Russo precisam incorporar sem atrito dezenas de personagens importantes, e ao mesmo tempo conduzir a série a uma conclusão satisfatória.
Não era o que a indústria esperava quando o estúdio Marvel lançou, em 2008, “Homem de Ferro”. Ao longo de uma década, o imenso sucesso daquele filme preparou o terreno para um panteão de filmes.
O estúdio insuflou vida nova e lucrativa a velhos heróis dos quadrinhos e criou uma base de fãs faminta por personagens novos no cinema.
Agora, a Marvel diz que quer tirar de circulação o que construiu e abrir caminho o novo.
A história terá mesmo conclusão? Personagens morrerão, atores deixarão a série?
Quaisquer que sejam as respostas, elas já surgiram, com a ajuda dos Russos —Anthony, 48, o pensador, e Joe, 46, com seu apego ao pragmatismo, têm energias contrastantes, mas complementares.
Os dois empenharam três anos e US$ 30 mil (cerca de R$ 106, 3 mil) no filme independente “Pieces”, sobre três irmãos —de sobrenome Russo— que se tornam criminosos. O longa chamou a atenção de Steven Soderbergh, que os ajudou com seu primeiro filme de grande estúdio, “Tudo por um Segredo” (2002).
Mas foi na TV que os irmãos imprimiram sua marca, principalmente com a série “Arrested Development”, uma sátira de diálogos afiados que se tornou cult na Fox —apesar da audiência baixa, desinteresse que os Russos veem como uma vantagem, ao permitir experimentações narrativas.
Depois, em “Community”, da NBC, realizaram tributos a “Star Wars” e ao western spaghetti de Sergio Leone. Foi lá que chamaram a atenção da Marvel, em busca de diretores de televisão para expandir a série mais rapidamente.
A Marvel também queria mudar o tom dos filmes do Capitão América, começando por “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, em 2014.
Os Russos viam “Capitão América 2” como um clássico de espionagem repaginado. Quando o filme faturou US$ 714 milhões (R$ 2,5 bilhões) nas bilheterias mundiais, os Russos, segundo Kevin Feige, presidente do estúdio, “redefiniram a série —não só os filmes do Capitão mas todos da Marvel dali por diante”.
A dupla voltou a se sair bem com “Capitão América: Guerra Civil”, sequência lançada em 2016, na qual o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e uma nova versão do Homem-Aranha (Tom Holland) foram introduzidos.
Antes de o novo filme faturar US$ 1,15 bilhão (R$ 4,08 bi) mundiais, a Marvel já havia começado a organizar ao que Feige chamou de “o grande final da linha narrativa que estávamos desenvolvendo”.
Na cabeça de Feige, nenhum outro diretor seria capaz de enfrentar a tarefa de “três anos ininterruptos de filmagem”. Ainda que precisem obedecer a uma grande hierarquia na Disney e Marvel, e que Feige seja conhecido por sua interferência nos filmes, os Russos dizem ter recebido espaço para fazer o que queriam.
Em qualquer momento dos filmes, disse Robert Downey Jr., o Homem de Ferro, “havia 80 coisas que iam explodir, colidir, pontos da narrativa em que tudo acontecia ao mesmo tempo”. Quando um dos Russo tinha uma ideia nova, disse o ator, a abordagem era sempre gentil: “Tive uma ideia, vamos ver o que você acha”.
Os Russos não revelam muito sobre como os dois novos filmes encerrarão a trama dessa fase da saga (eles dizem que até o título do filme que virá depois de “Guerra Infinita” contém spoilers).
“O que você verá quando o jogo acabar é quanto custa ser um herói em um mundo onde não há respostas fáceis. Creio que seja esse o mundo em que vivemos”, disse Joe Russo.
É claro que o motor da Marvel não vai parar. “Haverá mais filmes com alguns desses personagens”, disse Feige, “e com muitos personagens novos”.
A aquisição da Fox pela Disney pode acrescentar heróis ao elenco da Marvel, incluindo os X-Men e o Quarteto Fantástico. Mas Feige disse que era “cedo demais” para fazer planos quanto a isso.