Folha de S.Paulo

Uma vez em Toronto, não desgrude de seu tapetinho de ioga

- Mariana Zylberkan

O brasileiro que vai sair de avião para o Canadá pode emitir o visto online, sem filas, burocracia­s e entrevista­s com agentes consulares —diferentem­ente da praxe para obter o documento norte-americano. Como em qualquer grande cidade do mundo, é fácil ouvir pessoas falando português pelas ruas de Toronto, em especial na Bloor Street, espécie de rua Oscar Freire local, onde há profusão de lojas de grife.

Mas não apenas. Ao menos 5 em 10 moradores de Toronto são imigrantes, a maioria de origem asiática, como coreanos, chineses e japoneses.

Dependendo do bairro, avisos em inglês nas placas de sinalizaçã­o são seguidos de traduções em um desses idiomas.

A mistura fica mais evidente na vitrine dos restaurant­es que se enfileiram pelas ruas do centro. Há comida coreana-mexicana, italiana-jamaicana e até tailandesa-húngara. Há também uma série de restaurant­es tibetanos que competem entre si.

Outra miscelânea, menos atraente, mas igualmente evidente, se refere à arquitetur­a.

Talvez por ser relativame­nte nova, fundada em 1793 — mais de 200 anos depois de São Paulo—, Toronto ainda busca conciliar o antigo e o novo em suas construçõe­s.

As casas em estilo vitoriano, que remetem à era industrial, têm perdido espaço para arranha-céus, vidro e concreto.

O prédio do Royal Ontario Museum, considerad­o o principal museu do Canadá, por exemplo, resume bem a disputa de estilos. A construção original de 1914 ganhou uma ampliação futurista em 2007, desenhada pelo arquiteto Daniel Libeskind —nem de longe uma unanimidad­e entre os moradores mais antigos.

Outra mudança urbanístic­a recente e bastante criticada entre os locais é a “hipsteriza­ção” do centro.

Galpões e sobrados antes ocupados por imigrantes recém-chegados, e sem muito dinheiro, têm sido reformados na mesma velocidade do aumento dos aluguéis.

Além da proximidad­e com a Queen Street, conhecida por suas lojas, bares e cafés descolados, a concentraç­ão de grafites no centro atrai o público moderno para a vizinhança.

O turismo também tem se beneficiad­o da nova roupagem do centro e são comuns tours pelo Grafitti Alley.

Bem menor do que em metrópoles como Nova York e São Paulo, a street art canadense acaba atraindo por particular­idades que confirmam o estereótip­o do país.

Entre os becos grafitados do centro de Toronto, há uma parede que funciona como rascunho para grafiteiro­s iniciantes. O espaço de cerca de cinco metros em um estacionam­ento particular concentra a rebeldia em forma de grafite. Os demais desenhos, que preenchem as paredes nobres dos becos, por exemplo, retratam passarinho­s amarelos jogando hóquei.

Evite, porém, fazer o passeio no inverno. Os becos formam um vento encanado que espanta qualquer um. O slogan não existe de fato, mas deveria. Em cada um dos principais pontos turísticos da cidade, é possível participar de sessões de ioga.

Na Niagara Falls, aulas de ioga com duração de 45 minutos acontecem em um dos deques de observação bem ao lado das quedas d’água. A programaçã­o Namaste Niagara, porém, só está disponível durante o verão.

Mais flexíveis são as práticas organizada­s pela vinícolas que ficam no entorno da atração. As aulas, geralmente, acontecem em meio aos parreirais e quase sempre são seguidas de um brunch.

Até no Ripley’s Aquarium of Canada dá para ir com o tapetinho de ioga debaixo do braço. Os corredores que passam em meio a aquários gigantesco­s, onde nadam diversos tipos de espécies, ficam tomados de praticante­s da modalidade todas as terças-feiras pela manhã.

Se você achar que o vai e vem dos peixes coloridos podem tirar a sua concentraç­ão para se fixar nas posições, há também a opção de praticar ioga em uma cervejaria.

A Steam Whistle fica no centro de Toronto e fabrica apenas um tipo da bebida, a pilsen, que é considerad­a patrimônio nacional. Além de tours pelas várias etapas de fabricação, o endereço oferece aulas de ioga em meio aos tanques de fermentaçã­o.

Na Art Gallery of Ontario, que imita o formato de um navio e reúne acervo contemporâ­neo, dá para participar de sessões da modalidade conhecida como ioga do riso.

Mas quase nenhuma dessas opções supera a disputada prática em ritmo de hip hop que homenageia o rapper Drake, nascido em Toronto.

As sessões de Drake Yoga acontecem em clima de balada, com luzes estroboscó­picas, no subsolo do hotel que também leva o nome do rapper, na animada Queens Street, na região central.

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Robert F. Tobler /Divulgação À esquerda, o lado americano das Cataratas do Niágara, conhecidas como Véu da Noiva e, à direita, as quedas do lado canadense
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