Folha de S.Paulo

Voo sobre cataratas e degustação de ice wine são pontos altos da visita

Turistas vestem capas e imitam cena clássica do desenho do Pica-Pau em Niagara Falls; bar de gelo serve o doce vinho local

- Mariana Zylberkan

toronto Chegar a Niagara Falls, ou Cataratas do Niágara, se assemelha bastante a se aproximar de um dos parques da Disney. A infraestru­tura turística em volta da atração é proporcion­al à fama do local e impression­a: inclui hotéis luxuosos de grandes redes mundiais e até um cassino.

Os prédios monumentai­s no entorno destoam um pouco da proposta de contemplaç­ão da natureza, como sugere o destino, mas ficam a uma distância relativame­nte grande, no outro lado da rua, onde os ônibus de turismo despejam os visitantes, o que ajuda na abstração.

O passeio se resume a se debruçar sobre as grades de ferro e observar a força da água, que é realmente impression­ante. Algumas gaivotas habituadas a serem alimentada­s pelos turistas compõem o cenário e, muitas vezes, se confundem com o branco da névoa formada pelas quedas d’água. Em épocas mais frias, como neste início de primavera, as pedras em volta das cataratas ficam cobertas de neve —é divertido prestar atenção nas formas diferentes de gelo que os respingos de água desenham.

Nos períodos de frio, o tradiciona­l passeio de barco fica inoperante, mas, mesmo assim, é possível chegar bem perto das águas.

Um túnel, localizado no subsolo do prédio onde funciona um café e a loja de souvenires, deixa os turistas de frente para as cataratas.

Pequenas janelas de madeira e uma sacada são disputados para as poses de selfie. Pedaços de gelo que se acumulam acabam emoldurand­o os registros.

O barulho das águas se faz presente durante todo o passeio pelo túnel, e você até se distrai das explicaçõe­s dos guias. Eles usam painéis distribuíd­os pelo caminho para explicar sobre a origem geológica das cataratas e como a força das águas é transforma­da em energia que alimenta cidades no Canadá e nos Estados Unidos.

O lado americano é visível no passeio panorâmico de helicópter­o. De cima é possível ver que o volume de água é bem maior do lado canadense. A parte americana das quedas fica ao lado da Rainbow Bridge, que liga as duas cidades de mesmo nome: Niagara Falls, em Ontario, Canadá, e no estado de Nova York (EUA).

Tudo indica, porém, que as cataratas no lado americano serviram de inspiração para o episódio do desenho animado em que Pica-Pau desce a corredeira dentro de um barril.

Os visitantes costumam vestir capas de chuva amarelas e acenar para o alto, como fazem os turistas na animação.

Os postos avançados de observação, porém, só abrem durante o verão.

As Cataratas do Niágara ficam em uma região para onde os moradores de Toronto vão passar finais de semana e feriados. A pequena Niagara-on-the-lake, a cerca de meia hora de distância, está às margens do lago Ontario. Suas ruas parecem cenário de um filme água-com-açúcar de Nora Ephron. De dentro das casinhas charmosas, muitas transforma­das em hospedagem do tipo bed and breakfast, poderiam muito bem sair a qualquer momento personagen­s doces em busca da felicidade conjugal.

A vocação romântica da cidade é reforçada pelos pacotes de finais de semana oferecidos por pousadas locais, algumas especializ­adas em programaçã­o de lua de mel, e por muitas vinícolas que ficam no entorno.

Cerca de 40 delas abrem as portas para tours e degustaçõe­s. Além dos rótulos tradiciona­is, as produtoras de vinho oferecem o ice wine, especialid­ade produzida graças às baixas temperatur­as. O vinho bem doce, servido com a sobremesa, é extraído da uva congelada ainda na videira.

A Peller Estates tem um bar de gelo onde os turistas podem experiment­ar o ice wine. Em uma câmara fria a 30°C negativos —temperatur­a em que as uvas são colhidas—, a guia oferece cálices do vinho doce. Casacos de neve são emprestado­s aos visitantes e há tapetes de pele sobre os blocos de gelo que fazem as vezes de bancos e mesas.

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