Falta de chuva e atraso no plantio prejudicam produção de milho
Que o país teria uma safra menor de milho neste ano, em relação à do anterior, já era esperado. O ano passado foi um período fora da curva em termos de produtividade e de clima para o cereal.
A produção deste ano, porém, deve ser ainda menor do que se previa no início, principalmente devido à queda de produção na segunda safra, a chamada safrinha.
As consultorias especializadas no setor começam a rever seus números e esperam volumes menores para este ano.
Nesta segunda-feira (7), a AgRural revisou suas expectativas da safrinha da região centro-sul para 57,2 milhões de toneladas, 2,7 milhões de toneladas a menos do que esperava em abril.
Incluindo as áreas do Norte e do Nordeste, a produção do país deverá atingir 60,9 milhões de toneladas.
Área menor de plantio, recuo da produtividade e clima seco no mês passado foram os responsáveis pelo corte na produção, segundo Adriano Gomes, analista da AgRural.
Leonardo Sologuren, sóciodiretor da Horizon Company, também está revisando os dados de produção deste ano. “Estamos mais conservado- res com os números”, diz ele.
A estimativa da consultoria é de um total de 88 milhões de toneladas na safra 2017/18. “A produção de verão foi satisfatória, mas o atraso no plantio da safrinha [safra de inverno] foi comprometedor”, afirma.
Para Sologuren, o preço em alta incentivou o produtor a “esticar a janela de plantio [período ideal de semear] do milho neste ano. O plantio fora da “janela ideal” é um risco e, para evitar eventuais prejuízos, os produtores usaram pouca tecnologia no plantio —produtos de custos menores, que, em geral, geram menor produtividade.
Quem plantou no período correto e com alta tecnologia deverá obter uma produtividade boa, segundo ele.
A INTL FCSTone também prevê uma safrinha menor neste ano. Na avaliação do início de mês, a consultoria previu 60,5 milhões de toneladas na safrinha, 2,7 milhões abaixo da estimativa do mês anterior.
O clima seco, principalmen- te em Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, provocará queda na produtividade média.
A redução de produção na segunda safra de milho pode ser um problema para o mercado brasileiro. Isso porque a safrinha vem obtendo uma importância cada vez maior. Há 20 anos, a colheita de inverno representava 18% do total de milho produzido. Há dez, o percentual já era de 32%, e, atualmente, subiu para 71%, segundo cálculos da AgRural.