Folha de S.Paulo

O que pensam os eleitores de Marina

Convidados pela Folha, sete moradores de São Paulo, entre desemprega­do, professor, auxiliar de cozinha, socióloga e estudante, falam por que pretendem votar na presidenci­ável da Rede em outubro

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para o ADA”, brinca o desemprega­do João Paulo Tavares, 33, citando facções criminosas do Rio —a segunda uma dissidente da primeira.

Já no grupo há divergênci­as sobre o “marinês”, o modo peculiar como ela se expressa — um discurso “lindo” para uns e prolixo demais para outros.

“Acho que ela se expressa de uma forma, não sei dizer... Mais complicada de entender”, diz a auxiliar de cozinha Debora de Carvalho, 33, evangélica como sua candidata. “Muitas mulheres se identifica­m com ela, pelo fato de ser uma pessoa humilde.”

Outra divergênci­a: seu apoio a Aécio Neves (PSDB) para o Planalto no segundo turno de 2014, após apanhar do PT na primeira fase. Sua ex-sigla insistia que ela era aliada de banqueiros.

Em alguns pontos todos estão de acordo: ela é ficha limpa num momento em que político fora da Lava Jato virou espécie em extinção e é “a primeira terceira via viável” após anos “de monopólio PT-PSDB”, resume o universitá­rio Bernard Ferreira, 21.

“As pessoas tentam ridiculari­zar seu discurso, como se não fosse possível trazer uma palavra nova”, afirma Leonardo. “Querem o outsider, alguém que não viva da política. Ao mesmo tempo, veem quem não está neste mundo e dizem: ‘Pô, tá sumida’. Cara, não faz o menor sentido.”

Alianças

Os eleitores de Marina não veem por que enjaulá-la num campo ideológico. Leonardo se diz “cansado de ouvir da direita que ela é esquerdist­a”, e vice-versa. “É uma questão tão irrelevant­e. São os estudantes da USP que querem saber isso, a população não está nem aí.”

A presidenci­ável não pode se dar ao luxo de dispensar alianças, reconhece a turma.

Gisele quer uma nova política, mas “regras são regras”, afirma. “Se não conseguir fazer [parcerias], vai ser o maior erro estratégic­o dela.”

Ter como vice Joaquim Barbosa, do mesmo PSB ao qual Marina se filiou antes de criar seu partido, seria um sonho.

Marina falar em “presidenci­alismo de proposição”, montado a partir de um programa de governo e contrapost­o ao de coalizão, é lindo. No papel.

“Mas não pega no coração da população” nem é realista, diz Marcos. “No day after [dia seguinte ao pleito], a regra é” ter de lidar com um Congresso afeito ao toma lá, dá cá.

“Mas a gente não pode esquecer que a grande qualidade dela é chamar todos pra mesa”, diz a administra­dora Claudia Immezi, 48. É aí que Marina, inclinada a refletir antes de partir pra briga, faz diferença, aposta João Paulo. “Ela sabe a hora certa de falar, de dar sua cartada. Quem fala

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