Folha de S.Paulo

Aliados de Doria cobram de Alckmin mais verba do PSDB

Tucanos criticam divisão feita pelo ex-governador de SP e presidente do partido

- -Thais Bilenky

são paulo Aliados do pré-candidato a governador João Doria se ressentem da indisposiç­ão do presidenci­ável Geraldo Alckmin, de quem cobram um repasse mais generoso do fundo eleitoral do PSDB para o diretório paulista.

Em reunião dias atrás, segundo relatos, Alckmin se negou a debater distribuiç­ão de recursos, aumentando a insatisfaç­ão no grupo de Doria com o que veem ser uma falta de empenho do ex-governador na candidatur­a do afilhado político. Citam, por exemplo, sua recusa em citá-lo publicamen­te ou em percorrer o estado a seu lado.

A relação entre os dois se desgastou depois da tentativa de Doria de se viabilizar candidato à Presidênci­a ao longo de 2017. Alckmin tentou evitar que o ex-prefeito disputasse inclusive o governo paulista, mas Doria insistiu e venceu as prévias partidária­s.

Conselheir­os do ex-prefeito querem que o partido banque a campanha estadual, cujo limite legal é de R$ 21 milhões, sem que o tucano tenha de desembolsa­r recursos próprios, como fez em 2016.

O grupo pleiteia um repasse de quase R$ 28 milhões, em que a diferença seria destinada a eventual campanha tucana para o Senado.

Auxiliares de Alckmin consideram a proposta desproposi­tada. Afirmam que a prioridade é eleger deputados federais e campanhas como a de Antonio Anastasia ao governo de Minas, já que São Paulo tem mais de 150 prefeitura­s comandadas pelo PSDB, que podem ajudar na campanha.

Doria lidera as pesquisas de intenção de voto para o Bandeirant­es —seria o escolhido por 29% dos paulistas, segundo sondagem de abril do Datafolha. Paulo Skaf (MDB) marcou 20%, Márcio França (PSB), 8% e Luiz Marinho (PT), 7%.

Segundo o entorno de Doria, o tesoureiro do partido, deputado Silvio Torres, aliado de Alckmin, avisou que o partido repassará 30% do teto legal de gastos a cada campanha a governador do país, o que em São Paulo correspond­e a R$ 6 milhões.

Cada estado tem seu próprio limite, calculado em função do colégio eleitoral.

Presidente nacional do PSDB, Alckmin decidiu dividir em três terços os R$ 210 milhões disponívei­s do partido para a eleição.

Pela divisão, o primeiro terço, R$ 70 milhões, será destinado à campanha de Alckmin à Presidênci­a, alcançando, assim, o teto legal das candidatur­as nacionais neste ano.

O segundo terço será destinado a candidatos a governador e a senador. O diretório paulista elaborou uma sugestão em que Anastasia receberia R$ 13 milhões (o limite legal é de R$ 14 milhões) e Eduardo Leite, pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, R$ 7 milhões (teto de R$ 9 milhões).

As contas foram feitas com base nas bancadas federais eleitas por cada estado. Por esse critério, apenas São Paulo receberia acima do limite legal de campanha.

“Desidratar o PSDB de São Paulo poderá prejudicar o nosso candidato a governador e os nossos candidatos a deputado”, disse o secretário-geral, Cesar Gontijo. “Isso só favoreceri­a o principal oponente do nosso partido, adversário que detém a máquina”, concluiu, referindo-se ao governador Márcio França (PSB).

O terceiro terço da verba eleitoral do PSDB será destinado a campanhas à reeleição de deputados federais. A bancada estadual paulista cobra repasses de R$ 1 milhão para cada deputado, o teto legal.

“Em São Paulo somos 45% dos estaduais do PSDB do país. Essa divisão vai nos atingir em cheio”, reclamou o líder tucano na Assembleia, Marco Vinholi. “Temos expectativ­a de ter acesso justo ao fundo, inclusive porque somos nós que carregamos a eleição nacional e estadual nas costas.”

O tesoureiro Silvio Torres afirmou que “a executiva do PSDB já aprovou a divisão em três partes, mas ainda não definiu a parte que poderá ser destinada a deputados no Brasil”. Sobre a reavaliaçã­o dos repasses a Doria, disse que caberá à executiva analisar.

Desidratar o PSDB de São Paulo poderá prejudicar o nosso candidato a governador e os nossos candidatos a deputado

João Doria Teto legal (em milhões)

Antonio Anastasia

Eduardo Leite

César Gontijo secretário-geral do PSDB Paulo Bauer (SC)

Roberto Rocha

José Eliton

Pedro Cunha Lima

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Fotos Danilo Verpa/Folhapress
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