Porqueeles querem Marina
via “todo mundo na bandeja para ser comido”, e seu interlocutor afirmou: “O primeiro a ser comido vai ser o Aécio”.
A três meses do pleito de 2014, Marina, então vice de Eduardo Campos, declarou que “em hipótese alguma” subiria no palanque do PSDB. Após perder o primeiro turno, lá estava ela, tendo mão beijada pelo tucano.
Claudia conta que discutia no Twitter com um sujeito que “batia na mesma tecla” para criticar Marina: “Aécio beijou a mão dela, Aécio beijou a mão dela... Legal, eu vi a foto, vamos além”.
“Prefiro não comentar [em quem optou naquele segundo turno]. Mas não votei na Dilma”, diz Marcos, em tom envergonhado. Também João Paulo admite ter seguido Marina e escolhido Aécio.
Gisele não viu problema no arranjo. “Eram dois candidatos no segundo turno, dois ruins. Ou apoia um ou fica fora.” Para Claudia, “os eleitores se sentiram absolutamente à vontade para não acompanhála” no voto em Aécio.
Bernard relativiza: o tucano acatou uma série de exigências de Marina, e só depois ela topou endossá-lo. Leonardo rebate: “Ela engana a militância quando diz que acredita que isso de fato seria cumprido”. Todos sabem que esse tipo de compromisso, na política, são palavras ao vento, diz.
Sustentabilidade
A Folha pergunta: o discurso ambiental ecoa no eleitorado? Ou o povo está mais preocupado com asfalto, hospital que funciona etc.?
Leonardo rememora uma fala de Ciro sobre a ex-colega de Esplanada no governo Lula. “Ele disse que Marina estava preocupada com suruba de peixe.”
Na época se discutia a transposição do rio São Francisco. Marina, segundo Ciro, veio com um papo da “ictiofauna” (conjunto de peixes) ameaçada pelas obras do projeto.
“Como se perde tempo neste país”, afirmou o pedetista em 2017.
Sustentabilidade não é o avesso de questões sociais, diz Gisele. Quando se fala nisso, “erroneamente se pensa só em ambiente, mas passa por tudo”. Inclusive por novas formas de empregabilidade.
“Ela dá exemplos práticos. Você pode usar garrafa PET para produzir energia solar, e isso geraria uma renda de até R$ 1.500 para agricultores”, exemplifica Marcos.
E tudo bem que hidrelétricas são importantes, mas “ela coloca a vida e o meio ambiente acima do PIB”, tal qual uma “vanguardista”, diz Bernard. A presidenciável pela Rede é vista pelos eleitores como a única terceira via com chances de encerrar os anos de “monopólio PT-PSDB” Sua história de vida —de seringueira no Acre à ministra em Brasília— garante a Marina adjetivos como força e coragem A fala serena da candidata é considerada pelos eleitores uma vantagem no pleito, por se contrapor ao “populismo” e “gritaria” de adversários Ela também está disposta a dialogar com todos os espectros políticos e setores da sociedade, segundo eles, e se aliar “aos bons” Não para repetir o presidencialismo de coalizão, garantem, mas sim para colocar em prática a promessa da “proposição”, de conseguir governar pelas propostas que apresenta Eles também são entusiastas de um projeto de desenvolvimento sustentável —bandeira clássica de Marina Defendem ainda que a presidenciável nunca figurou em escândalos de corrupção Marina ser mulher é outra característica exaltada pelos eleitores, que defendem posições de poder para elas