Folha de S.Paulo

PT amplia alianças e negocia com partidos pró-impeachmen­t

Sigla quer preservar coligações amplas na tentativa de reeleger governador­es e de manter bancada na Câmara

- -Catia Seabra João Pedro Pitombo Carolina Linhares

são paulo, salvador e belo horizonte Sob as bênçãos do comando partidário, governador­es e dirigentes petistas já traçam, em seus estados, alianças com partidos que compõem a base do governo de Michel Temer (MDB) e apoiaram o impeachmen­t da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Uma resolução petista, de dezembro de 2017, determina como núcleo de alianças partidos que votaram contra o impeachmen­t e as medidas do governo Temer, mas em pelo menos 16 estados as negociaçõe­s vão na contramão .

Candidato à reeleição, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), trabalha para manter na coligação os 21 partidos de sua base, incluindo o MDB do senador Eunício Oliveira, o PPS e até o DEM.

No Piauí, o governador Wellington Dias (PT) afirma que, para sua reeleição, quer manter o time que o apoia desde 2015. Isso inclui ter no palanque o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira, que apoiou o impeachmen­t de Dilma, além do MDB, que aderiu ao petista no ano passado.

Na Bahia, a chapa de reeleição do petista Rui Costa deve sacrificar a reeleição da senadora Lídice da Mata (PSB), aliada fiel do PT baiano, pela candidatur­a ao Senado do deputado estadual Ângelo Coronel (PSD), que já apoiou o grupo de ACM e é próximo ao senador Otto Alencar (PSD).

O PT do Acre, por sua vez, vai liderar uma frente ampla de 14 siglas —entre elas, PV, PRB e PSB. Presidente estadual da legenda, André Kamai afirma que a relação dos partidos é fraternal.

Apesar de pregar aproximaçã­o à esquerda, não há orientação do comando nacional pela ruptura das coligações estaduais. Após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as alianças já foram debatidas em duas reuniões da cúpula do partido, que decidiu liberar negociaçõe­s.

Lula chegou a incentivar algumas alianças, como o apoio à reeleição de Renan Filho (MDB), em Alagoas, e à candidatur­a de Helder Barbalho (MDB), no Pará.

A articulaçã­o com o PSB —a maioria da bancada votou pelo impeachmen­t— ganhou força nas últimas semanas, após Joaquim Barbosa desistir de disputar a Presidênci­a.

Afastados, PSB e PT começam a reconstrui­r pontes em Pernambuco, onde romperam, e Minas Gerais, onde estão afastados desde 2014.

“Caminhamos para uma aliança com o PSB em Pernambuco”, diz o senador Humberto Costa (PT) —a sigla terá de abdicar da competitiv­a candidatur­a da vereadora Marília Arraes (PT) ao governo.

Como contrapart­ida, petistas querem que Márcio Lacerda (PSB) desista do governo de Minas para apoiar a reeleição de Fernando Pimentel (PT).

A reaproxima­ção com o PSB é crucial para o petista, já que ele deve perder seu principal aliado até aqui, o MDB.

Líder do governo Pimentel na Assembleia de Minas, Durval Ângelo (PT), quer garantir a aliança mais ampla possível. Para isso, o partido abriu conversas com PR, PDT e Podemos —o que garantiria mais tempo de TV a Pimentel.

Em outros estados onde a sigla não tem candidatos competitiv­os, a tarefa de manter o tamanho de sua bancada no Congresso pode fazer o PT buscar alianças.

Em Alagoas, elas já foram sacramenta­das. O PT reaproximo­u-se do governador Renan Filho (MDB) e vai apoiá-lo na campanha à reeleição. Em troca, o MDB deve abrir bases eleitorais para a reeleição do deputado federal Paulão, único da bancada do PT alagoano.

A reaproxima­ção acontece dois anos depois de o MDB ter rompido e entregado os cargos durante o impeachmen­t, quando o senador Renan Calheiros (MDB) votou pela derrocada de Dilma.

O mesmo pode acontecer no Pará, onde o PT lançou a précandida­tura do senador Paulo Rocha. Se não chegar ao segundo turno, é provável que a legenda apoie Helder Barbalho (MDB) —outro que votou pelo impeachmen­t.

Também há a possibilid­ade de apoio à candidatur­a a governos estaduais de parlamenta­res que votaram pelo impeachmen­t de Dilma, como o senador Acir Gurgacz (PDT), em Rondônia, e o deputado Daniel Vilela (MDB), em Goiás.

CE

Reeleição de Camilo Santana Principais partidos: PDT, MDB, DEM, PSB, PTB,

PP, PR, PRB, PV, PPS

ES

Apoio a Paulo Hartung (MDB) ou a Renato Casagrande (PSB)

GO

Candidatur­a de Kátia Maria ou apoio a Daniel Vilela (MDB)

MG

Reeleição de Fernando Pimentel

Partidos: PC do B, Pros e PRB

PA

Candidatur­a do senador Paulo Rocha ou apoio a Helder Barbalho (MDB)

PB

Apoio a João Azevedo (PSB)

PE

Candidatur­a de Marília Arraes ou apoio à reeleição de Paulo Câmara (PSB)

PI

Reeleição de Wellington Dias Partidos: PP, MDB, PDT, PTB, PSD e PC do B

PR

Possível apoio ao senador Roberto Requião (MDB)

RN

Candidatur­a da senadora Fátima Bezerra Partidos: PCdoBePHS

RO

Possível apoio ao senador Acir Gurgacz (PDT)

RR

Apoio a Suely Campos (PP)

SE

Apoio ao governador Belivaldo Chagas (PSD)

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