CUBA FICA DE LUTO APÓS PIOR ACIDENTE AÉREO EM 29 ANOS
de sua atitude negativa em relação ao Estado [comunista], manifestada, por exemplo, em tentativas de fuga”.
“Eram pais com baixo capital social, vivendo nas margens da sociedade, estigmatizados por seu estilo de vida ‘não socialista’, frequentemente chamados de ‘associais’”, explicou.
Para o historiador, tampouco se tratava de uma política de Estado coordenada ou sistemática de repressão.
“Mas assumimos que existiam estruturas dentro da fábrica das agências estatais da RDA (incluindo o sistema legal, a administração da infância, a espionagem pelo serviço secreto e os serviços médicos) que tornavam possível manipular os procedimentos de adoção em casos individuais de modo a sancionar comportamentos e atitudes politicamente negativos.”
Parece ser o caso de Behr. Ela conta que a mãe sempre quis “ir para o Ocidente”, onde moravam as irmãs.
“Ela não era politicamente ativa nem nada, só uma jovem que dizia que estava aborrecida e que queria ir embora”, diz Behr. “Ela foi interrogada diversas vezes pela Stasi. Em algum momento, decidiram prendê-la e nos separar.”
Em 2007, Behr obteve os arquivos sobre sua adoção e a prisão da mãe.
“Minha mãe escrevia às instituições prisionais, questionava, fazia barulho, queria reclamar para Erich Honecker”, conta, em referência ao líder da RDA no período de 1971 a 1989.
“Ela achava que havia sido injustiçada. E o fato é que pensavam que, pelos padrões da Alemanha Oriental, ela não era considerada capaz de educar os filhos de maneira socialista, já que queria ir para o Ocidente com suas irmãs.”
A mãe perdeu o poder parental logo após a prisão. “Nos documentos, ela aparece negando veementemente nossa liberação para adoção. Mas depois consta que o consentimento da mãe foi dispensado.”
“Foi assim com muitas adoções forçadas. Nem toda adoção foi uma escolha, mas nem todas foram politicamente motivadas. É preciso olhar caso a caso”, alerta.
Em abril, o grupo de Schumann apresentou ao Parlamento alemão um documento em que são requisitadas a investigação dos casos denunciados, a extensão do período de retenção obrigatória de documentos relevantes, a criação de centros regionais de aconselhamento para os afetados e o estabelecimento de um fundo para financiar as pesquisas.
O documento também pede mudanças na lei para que toda criança seja informada, ao completar 16 anos, de que foi adotada, e a revogação das adoções ilegais quando houver consentimento mútuo dos membros da família biológica.
Em 25 de junho, o Parlamento deve realizar uma audiência pública a fim de discutir medidas para implementar da petição. Parentes de vítimas da queda de um Boeing 737-200 logo após decolar de Havana na sexta (18) choram; regime confirma 110 mortes e encontra caixa-preta