Dos mais velhos pela cidade.
ÓCULOS EMBAÇADOS para enxergar menos, fones de ouvido que dificultam a audição e pesos amarrados aos braços, às pernas e às costas a fim de complicar a caminhada. Motoristas de ônibus sentiram na pele a dificuldade que idosos enfrentam no transporte público para fazer sinal para o veículo certo, vencer degraus em meio à pressa paulistana e muitas vezes permanecer de pé durante longos trajetos.
O treinamento, realizado pela prefeitura, em 2017, é citado por Clotilde Benedik de Sousa, 68, presidente do Conselho Municipal do Idoso, como um caminho para tornar mais amigável o deslocamento
A mobilidade é considerada indispensável ao envelhecimento saudável. Deve-se pensar o ir e vir não só como necessidade, mas como oportunidade de encontros, de conviver com o entorno, diz o livro “Habitação e Cidade para o Envelhecimento” (Portal Edições). Ele aponta obstáculos levantados em pesquisa na região metropolitana de São Paulo: falta de segurança, má qualidade dos serviços, tempo curto dos semáforos para a travessia das ruas e calçadas esburacadas, sujas e sem iluminação. A prefeitura afirma ter, desde janeiro de 2017, revitalizado e tornado acessíveis, com instalação de rampas, 12,6 mil m² de calçadas —a rua Augusta, por exemplo , tem 16 mil m².
Presidente do SPUrbanuss (sindicato das empresas de ônibus), Francisco Christovam, 65, aponta ainda como desafios a elevação dos pontos de ônibus, que facilitaria o embarque e desembarque, e a reforma dos terminais, em grande parte sem elevadores e escadas rolantes. Dos 6 milhões de passageiros diários na cidade, 1,34 milhão é idoso ou tem deficiência. Segundo o sindicato, na frota de 14,4 mil veículos, 13,3 mil são acessíveis, com elevador ou piso baixo. Os modelos superarticulados, nesse caso apenas 1.291, são os mais amigáveis em razão de um sistema que faz com “se ajoelhem” nos pontos, aproximando-se do nível da calçada. ▸