Perfil ecológico do povo ashaninka foi difundido com ajuda de seu ‘embaixador’
No disco “Txai” (1990), Milton Nascimento canta com uma criança a canção “Benke”, cujo primeiro verso diz “Beija-flor me chamou”.
Era uma homenagem a Benki Piyãko, apelidado “Beija-flor” em português, com 16 anos na época. Desde então, ele se tornaria o líder mais conhecido dos ashaninkas, símbolo das políticas ecológicas adotadas pelos índios a partir do período em que suas terras foram demarcadas, logo após a Constituição de 1988.
Essa concepção ashaninka, que mistura hábitos dos antepassados com influências dos movimentos ambientalistas contemporâneos, deve muito à atividade de Benki.
Em parte pela ajuda do compositor e também por sua militância, o jovem se tornou uma espécie de embaixador de sua etnia no exterior.
Benki é o arauto da agrofloresta, palavra que resume a tese segundo a qual a floresta de pé produz mais alimentos e riqueza do que a agricultura intensiva ou a pecuária, que precisam do desmatamento.
Ao mesmo tempo, em contato com o mundo exterior, Benki moldou parcerias que ajudam a financiar a ampliação das práticas sustentáveis dos ashaninkas.
Já nos anos 1990, foi fechado um acordo comercial com uma empresa estrangeira de cosméticos para a qual os índios vendem urucum, planta de onde tiram a tinta para pintar a pele de vermelho.
Em 2007, ao comprar uma fazenda junto à sede do município de Marechal Thaumaturgo, Benki liderou a criação de um posto avançado dos ashaninkas na cidade com o objetivo de implantar um centro de desenvolvimento de práticas sustentáveis.
O Centro Yorenka Atame (“saberes da floresta”, em sua língua) foi totalmente reflorestado, ganhou instalações para salas de aulas e uma pousada. Ali são ministrados cursos para pessoas da região sobre práticas de plantio e manutenção de agroflorestas. A ideia é disseminar as técnicas de geração de renda com a preservação da mata. O líder ashaninka Benki Piyãko