Investimento cresce e afasta incertezas, afirma Fazenda
brasília No momento em que o governo se prepara para anunciar uma queda na projeção de crescimento da economia deste ano, um estudo do Ministério da Fazenda mostra que, apesar da desaceleração, os investimentos, principal termômetro da retomada, continuam em alta.
Na semana passada, o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha, adiantou que a projeção oficial de crescimento em 2018 será revista de 3% para cerca de 2,5%. A revisão será divulgada nesta semana.
Elaborado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o estudo mostra que, mesmo com a frustração do PIB no primeiro trimestre, o investimento ampliado cresceu 3,8% em relação ao último trimestre do ano passado. A expansão ocorre após uma alta de 3,7% na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2017.
Segundo o secretário Fabio Kanczuk, o investimento ampliado é um conceito usado internacionalmente, mas que não é aplicado pelos institutos de estatística do país. Considera investimento, além da construção civil e da compra de máquinas e equipamentos, os gastos com bens duráveis, como a compra de carros.
O indicador apontou um sinal positivo na construção civil, que acelerou entre o final de 2017 e o início deste ano. Máquinas e equipamentos e o consumo de bens duráveis, embora tenham perdido ritmo em relação ao quarto trimestre, continuam em alta.
O secretário considera que esse desempenho afasta a tese de que a economia se ressente de incertezas e de um cenário político conturbado pelas eleições. “Se fosse isso, deveria aparecer no investimento ampliado. E não é o caso.”
Isso porque os investimentos são a variável mais sensível às mudanças da economia. Durante a recessão, diz ele, o PIB encolheu 8%. O investimento ampliado respondeu por quase toda a queda (6,5%).
Por essa razão, o comportamento dessa variável também ajuda a prever o desempenho futuro. “Se fosse um paciente, eu diria que os sinais vitais estão melhorando.”
Kanczuk atribui um desempenho mais fraco do PIB no primeiro trimestre ao recuo no consumo de bens não duráveis e de serviços. Ao que tudo indica, uma ressaca dos gastos gerados pelos saques das contas inativas do FGTS, em 2017.
“O dinheiro acabou, pararam esses serviços. Parece ser isso”, disse. “É um efeito temporário, que não voltará a aparecer no trimestre que vem.”
Entender o motivo da desaceleração é importante para saber se o crescimento da economia poderia ser abortado com o aumento das incertezas eleitorais, no segundo semestre. Mas o enfraquecimen-