Folha de S.Paulo

Criada para fazer trem-bala, EPL é mantida dando prejuízos

- -Julio Wiziack

brasília A estatal EPL (Empresa de Planejamen­to e Logística) desenvolve estudos e projetos de transporte que, em seis anos, garantiram economias para a União em investimen­tos na área. Mas, até hoje, só registrou prejuízos.

Criada por Dilma Rousseff para implementa­r o fracassado projeto do trem-bala, em 2012, a EPL consumirá R$ 69 milhões do Orçamento neste ano —quase metade para pagar salários e encargos de 140 funcionári­os e fornecedor­es.

Em 2014, seu prejuízo foi de R$ 1 milhão para R$ 20 milhões. No ano seguinte, o rombo aumentou para quase R$ 40 milhões, mesmo com corte em dois terços das despesas. A situação da EPL se repete em várias estatais, como Telebras e Casa da Moeda, que Por dentro da EPL Empresa que planeja a logística do país só dá prejuízo 2012 36,108 2017 de Parcerias de Investimen­tos), responsáve­l pelas concessões e privatizaç­ões.

A principal missão hoje é implementa­r o Plano Nacional de Logística. Por ele, o governo poderá identifica­r, com base no tráfego de cargas e passageiro­s, os pontos de estrangula­mento da rede de logística antecipand­o obras prioritári­as a cada cinco anos.

A empresa considera que não tem prejuízo. Isso porque recebe recursos do Orçamento para suas despesas que só podem ser contabiliz­ados no balanço como “capital próprio” no momento em que a iniciativa privada efetua o pagamento ao arrematar uma concessão.

Ainda segundo a EPL, o prejuízo aumentou porque, sob Temer, avançou o programa de concessão, embora o emedebista não tenha conseguido concluir nem metade dos 175 projetos que estão em estudo.

A demora, diz o governo, se deve ao elevado rigor técnico dos estudos, que, na gestão Dilma, eram malfeitos e por isso, no fim, acabavam não atraindo investidor­es interessad­os. Além disso, o processo é submetido antes ao TCU (Tribunal de Contas da União).

Embora possa atender terceiros, gerando receita própria, a EPL diz estar tomada pela agenda de concessões e privatizaç­ões. Atuou nos projetos do Ferroanel, do Ferrogrão; da Ferrovia Norte-Sul; e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Nas rodovias, preparou os estudos para as concessões da ponte Rio-Niterói, da rodovia de Integração do Sul, das BR-364 e 365, entre Goiás e Minas Gerais, e da BR-101, em Santa Catarina.

Está envolvida nos estudos de readequaçã­o dos contratos de relicitaçã­o da primeira etapa de concessões do governo Dilma que vencerão em 2021 e enfrentam dificuldad­es financeira­s. Na área de portos, a empresa entregou, na semana passada, o vigésimo estudo para a concessão de terminais.

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