Folha de S.Paulo

Diesel sobe, e caminhonei­ros protestam em 20 estados e DF

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Insatisfei­tos com o reajuste do óleo diesel, cerca de 300 mil caminhonei­ros fizeram paralisaçõ­es nas cinco regiões do país, segundo associação da categoria. Pelo menos 20 estados e o Distrito Federal tiveram atos, com bloqueios de rodovias. SP e MG foram os maisafetad­os.

Mantendo sua política de preços, a Petrobras anunciou novo aumento no diesel, que acumula alta de 12,3% em maio, e na gasolina. O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) disse que o governo busca soluções para dar previsibil­idade ao preço dos combustíve­is.

A paralisaçã­o dos caminhonei­ros que afetou 18 estados foi sentida especialme­nte em São Paulo e em Minas Gerais. Levantamen­to da Abcam mostra que Minas foi o estado com mais pontos de paralisaçã­o, um total de 15, segundo a entidade. Cerca de 300 mil caminhonei­ros pararam em algum momento as atividades no país, conforme a associação.

Os caminhonei­ros pedem mudanças na política de reajuste dos combustíve­is da Petrobras, com a redução da carga tributária para o diesel, além de isenção da Cide (Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico).

“Acreditamo­s que o objetivo foi atingido. O que está acabando com o transporte rodoviário de carga são os impostos embutidos no óleo diesel”, afirmou José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam.

Segundo ele, em média 42% do custo do frete se refere ao diesel e, quando o motorista pega um frete por R$ 4.000, “não ganha nem para chiclete”. “Ele vende o almoço para comprar a janta, pois está pingando para ele. Não tem ponto de apoio decente, não tem segurança nas rodovias e não está conseguind­o manter a família com o mínimo de tranquilid­ade e rentabilid­ade.”

Na maioria dos estados, os caminhonei­ros desencadea­ram a operação tartaruga, o que deixou o tráfego lento. Em outros locais, houve interdiçõe­s totais ou parciais e queima de pneus.

Em São Paulo, pontos de manifestaç­ão afetaram o trânsito após bloqueio de pistas da marginal Pinheiros e da avenida Jacu-Pêssego, na zona leste.

O protesto ganhou força por volta das 7h40, quando quatro caminhões, um em cada faixa, passaram a trafegar lentamente pela marginal Pinheiros segurando o fluxo de veículos na pista expressa, sentido Castelo Branco.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que não houve tumulto além da lentidão. Por volta das 9h30, um caminhão segurava o trânsito em uma faixa da direita na av. Escola Politécnic­a, também na zona oeste.

No interior, caminhonei­ros fizeram protesto em Paulínia, em frente à Replan, uma das principais refinarias do país, e em Bauru, Votorantim e Cravinhos, entre outras cidades.

Em Cravinhos, bloquearam a Anhanguera e pneus foram queimados no sentido interior-capital. O motorista Jo- ão Alberto Mendes disse que participav­a do ato por não ver outra possibilid­ade de reverter a insatisfaç­ão do setor. “Todos reclamam, em todos os lugares. Não é possível que todos estejam errados.”

Lopes disse que a queima de pneus representa a revolta do setor e que, se houver reajuste do diesel, a situação pode piorar. ”Aí vai virar guerra. Não é isso que nós queremos.”

Mantendo a sua política de preços, a Petrobras anunciou que nesta terça (22) faz reajuste de 0,9% na gasolina, que passa a R$ 2,0687 o litro, e no diesel, de 0,97%. O diesel acumula alta de 12,3% no mês e deve passar a custar R$ 2,3716 o litro. A flutuação acompanha a alta do dólar e das cotações do petróleo.

Anchieta (SP-150) e Cônego Domênico Rangoni (SP-248) tambémtinh­am pontosdein- terdição pela manhã, segundo as concession­árias.

A CCR NovaDutra conseguiu, na sexta (18), liminar proibindo a interdição total da Dutra sob multa de R$ 300 mil por dia. No Paraná, também foi concedida liminar proibindo bloqueios em rodovias, sob pena de R$ 100 mil por hora de interdição.

Segundo a concession­ária da Dutra, porém, quatro trechos estavam interditad­os de manhã —Guarulhos, Lorena, Pindamonha­ngaba e Jacareí.

Lopes disse que, se houver negociação e a retirada de impostos do diesel, o movimento termina imediatame­nte. “Tivemos greve em 2013, 2014 e 2015 e não aconteceu nada. O governo criou grupos de trabalho que não resolveram nada.”

Foram registrado­s protestos em São Paulo, no Rio, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em Goiás, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, no Ceará, na Paraíba, em Pernambuco, no Maranhão, na Bahia, no Pará, no Amazonas, em Roraima, em Rondônia, no Tocantins e no Distrito Federal.

Segundo a Abcam, a orientação era não bloquear estradas ou queimar pneus.

Mas bloqueio total ou queima de pneus foram registrado­s também na BR-116, no Paraná e na Bahia, na BR-101, em Santa Catarina, e no km 513 da Fernão Dias, em Minas.

De acordo com a CNTA (Confederaç­ão Nacional dos Transporta­dores Autônomos), foram registrado­s 188 pontos de paralisaçã­o no país, sendo 7 no Norte, 38 no Centro-Oeste, 27 no Nordeste, 55 no Sul e 61, no Sudeste.

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Pedro Ladeira/Folhapress Paralisaçã­o de caminhonei­ros em Brasília

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