Africanos deram R$ 4.000 por viagem em barco achado à deriva
são luís Os 25 imigrantes africanos encontrados em um barco à deriva no litoral do Maranhão no sábado ( 19) afirmaram à Polícia Federal que pagaram entre € 1.000 e € 1.100 (R$ 4.410 e R$ 4.850) pela travessia ilegal a partir de Cabo Verde.
Dois brasileiros que estavam na embarcação, suspeitos de terem atuado como coiotes e que estão presos, deram informações contraditórias em depoimentos, segundo relatou o delegado de imigração Luís André Lima Almeida, em entrevista nesta segunda-feira (21).
Um deles disse que a dupla fazia turismo em Cabo Verde,transportandoogrupo para passeios no entorno do país insular. Já o outro disse que navegava com o colega brasileiro quando encontrou os africanos em um barco quebrado e que a dupla salvou a vida do grupo ao transferi-los para a própria embarcação.
À polícia, porém, todos os africanos negaram as duas versões. Os dois brasileiros estão detidos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Eles não tiveram suas identidades reveladas.
Na entrevista, a PF informou a data do embarque dos imigrantes: 16 de abril, em Cabo Verde. O primeiro destino seria Natal, no Rio Grande do Norte; posteriormente, o grupo seria levado a estados do Sudeste.
Porém, após avarias no motor e nas velas no dia 14 de maio, a embarcação ficou à deriva e acabou parando no Maranhão.
Pelas primeiras informações passadas pelos imigrantes aos policiais, eles dispunham de apenas dois biscoitos e um litro de água por dia. O delegado disse que será aberto procedimento de repatriação ou pedido de refúgio para os africanos, dependendo da situação de cada um.
No resgate, os imigrantes foram atendidos por médicosdoCorpodeBombeiros do Maranhão e receberam água e alimentação.
Segundo a PF, metade do dinheiro pago pelos africanos teria sido utilizada na compra do barco, enquanto a outra teria ficado como lucro para os brasileiros.
A Marinha informou que um inquérito administrativo será instaurado para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades em torno do caso. A força armada é responsável pela Capitania dos Portos, a quem foi reportado o encontro do barco à deriva.