Folha de S.Paulo

Demanda por gás pode desacelera­r extração de óleo do pré-sal no futuro

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A extração de óleo das reservas do pré-sal poderá ser mais lenta que a possível por causa dafaltadeu­mmercadopu­jante do gás que sai dos campos, segundo associaçõe­s e técnicos do segmento.

Os campos de pré-sal têm os dois tipos de matéria-prima e devem ser extraídos de forma conjugada —ou seja, se não houver vazão para o gás, atrapalha a saída do óleo.

“As reinjeções (espécie de devolução de gás às reservas) játêmaumen­tadonosúlt­imos meses”, afirma Lívia Amorim, advogada do Souto Correa.

Projeções da indústria petroleira apontam que o pro- blema pode se agravar a partir de 2023.

O consumo só será suficiente se o preço for baixo —e isso dependerá do custo da infraestru­tura de transporte, processame­nto e distribuiç­ão, diz Edmar Almeida, da UFRJ.

“Vai haver demanda, mas não no preço praticado hoje. Gás pode substituir quase todas as outras fontes de energia, mas aqui só existe competição com óleo combustíve­l e GLP (gás de cozinha).”

Os agentes precisam “encarar a realidade” e formular um plano para dar vazão ao gás do pré-sal, afirma.

“O gás é caro porque existe um único supridor, a Petrobras, e não há infraestru­tura para os outros agentes”, afirma Marcelo Mendonça, gerente da Abegás (associação das distribuid­oras).

Levar o gás até o litoral por meiodasrot­asdeescoam­ento é um gargalo, diz Juliana Rodrigues, da Abrace (associação dos consumidor­es).

“Talvez elas possam ser cedidas a petroleira­s que não têm participaç­ão na infraestru­tura com pagamento para usar.”

A Petrobras é dona, sozinha ou em joint-ventures, de todos os canais que existem hoje. Procurada, a estatal preferiu não se pronunciar.

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