Folha de S.Paulo

BNDES prepara linha de crédito com R$ 4 bi para segurança nos estados

Meta do banco é que financiame­nto seja mais flexível e que todo o recurso seja utilizado neste ano

- Mariana Carneiro

brasília O BNDES lançará umanovamod­alidadedee­mpréstimos para estados e municípios, no intuito de destravar a liberação de recursos para a segurança pública.

Criada em março pelo governoMic­helTemer,logoapós o anúncio da intervençã­o federal no Rio, a linha de crédito de R$ 42 bilhões para a segurança não deslanchou.

Até agora, nenhum desembolso foi feito, e o prazo-limite para liberações antes da eleição termina no início de julho.

Agora, o banco vai direcionar R$ 4 bilhões para uma modalidade de curto prazo, com a meta de desembolsa­r todo o valor ainda neste ano.

Será um crédito voltado exclusivam­ente para a compra de equipament­os e funcionará em parceria com o Ministério da Segurança Pública. No primeiro momento, servirá para a compra de viaturas, coletes à prova de balas, armas de choque e mira holográfic­a. A ideia é estender para 16 famílias de produtos nos próximos meses.

Nessa linha, o BNDES vai atuar de um jeito diferente. Governador­es e prefeitos vão apresentar seus pedidos ao Ministério da Segurança, que coordenará uma licitação conjunta para a compra dos equipament­os. Só depois eles requisitam o empréstimo.

“O mecanismo permitirá que as especifica­ções técni- cas dos equipament­os sejam padronizad­as, possibilit­ando uma avaliação mais rápida”, diz Marcos Ferrari, diretor de governo e infraestru­tura do banco.

Com uma única licitação única, o governo também poderá dar escala a compras de municípios­menores, observa.

Os empréstimo­s serão concedidos por meio de bancos repassador­es, em operações com taxa de juros de 1,07% (0,9% do BNDES e 0,17% do banco intermediá­rio).

Estados que não puderem acessar o crédito com o aval do Tesouro Nacional —a autorizaçã­o depende de avaliação positiva do Ministério da Fazenda— poderão oferecer como garantia receitas dos fundos de participaç­ão.

Parecer da AGU (AdvocaciaG­eral da União) liberou o uso dessas receitas pelos estados como forma de dar garantia em empréstimo­s.

A expectativ­a do BNDES é que as capitais também consigam acessar a linha, que terá validade até 2019.

Em reunião nesta segunda-feira (21), a diretoria do BNDES fechou as condições do financiame­nto. O parcelamen­to poderá chegar a 84 meses, com dois anos de carência. O banco propõe financiar 100% da compra, percentual que nos empréstimo­s tradiciona­is não passa de 80%.

Um dos estados com aumento de casos violência, o Rio terá dificuldad­es em aces- sar o crédito. Como está sob regime de recuperaçã­o fiscal, qualquer novo empréstimo passa pelo aval do Tesouro.

Governador­es pressionam por mais recursos, em meio a dificuldad­es para fechar as contas no último ano de mandato. Na sexta (18), lideranças do Nordeste e de MG divulgaram carta aberta, reclamando que os programas de socorro da União não solucionar­am as crises estaduais. Eles mencionam a linha do BNDES e se queixam de que não conseguira­m acessar os recursos.

O banco informou que quatro estados já apresentar­am pedidos formais. Os signatário­s da carta (BA, RN, CE, PE, PB, PI e MG) não estão entre eles.

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