Videoinstalações de franco-tunisiano vêm de Paris a São Paulo
Exposição de Ismaïl Bahri no Espaço Cultural Porto Seguro tem obras que tratam de movimentos singelos
são paulo Uma gotícula d’água que repousa sobre um pulso e se move conforme os batimentos cardíacos receberá, a partir desta quarta (23), os visitantes da mostra do artista plástico Ismaïl Bahri, 39.
Conhecido pelo trabalho com videoinstalações, o franco-tunisiano repete no Espaço Cultural Porto Seguro, na zona central de São Paulo, a mostra concebida originalmente para centro cultural Jeu de Paume, em Paris. É a primeira vez que o artista faz uma exposição individual na América Latina.
No Brasil, porém, a mostra “Instrumentos” terá nove instalações —uma delas não foi exposta na capital francesa. Trata-se de “Orientations” (orientações, em português), na qual o artista aparece caminhando por Túnis, onde nasceu, segurando um copo cheio de tinta nas mãos.
Na filmagem, o franco-tunisiano é questionado pelos habitantes sobre o que está fazendo, e esse diálogo é transcrito na projeção, que ganhou legendas em português. “O vídeo mostra a energia da cidade”, diz o artista, que a considera “bastante afetiva”.
Atualmente, Bahri divide seu tempo entre sua galeria em sua terra natal e seu estúdio em Paris. “Na Tunísia, eu sinto como se retornasse de onde vim e sempre sinto vontade de criar algo novo”, diz o artista. “Já Paris é o local onde eu leio, vou a exposições e estudo.”
Em outra instalação, o artista aparece amassando uma folha de revista e, ao amassála, as cores do papel passam para as mãos e se misturam, até se tornarem cinzas.
Intitulada “Revers” (reverso, em português), a obra aborda elementos como “transmutação” e “transferências” na opinião de Rodrigo Villela, diretor executivo do centro cultural. “Os movimentos do artista [no vídeo] parecem fáceis, mas são extremamente projetados, coreografados.”
Para Vilella, ao mostrar territórios tunisianos, o artista está produzindo um trabalho político. Mesmo não sendo explícito, ele trata de assuntos como a questão social-histórica da opressão.
“Bahri diz que fazer vídeo é algo político porque ele pode me enviar [esse material] via internet, sem custo algum, e consegue transportar de maneira muito mais fácil”, Villela.