Folha de S.Paulo

Inofensivo, filme infantil ‘Abelhinha Maya’ é incapaz de surpreende­r

- -Marina Galeano

(Maya the Bee - The Honey Games). Alemanha, 2018. Direção: Noel Cleary e Sergio Delfino. Livre. Em cartaz. O mel já escorre do título e antecipa que a animação foi feita sob encomenda para um público bem infantil. Carregada no doce, “A Abelhinha Maya – O Filme” chega aos cinemas sem fazer mal a ninguém —mas também incapaz de surpreende­r.

A escolha dos diretores Noel Cleary e Sergio Delfino não poderia ser mais clara: sobrevoar a zona de conforto e levar à tela uma história bonitinha e pouco elaborada, desenhada com cores claras e quentes e traços caprichado­s.

Criada pelas mãos do escritor alemão Waldemar Bonsels, em 1912, Maya migrou das páginas dos livros infantojuv­enis para a TV em 1975 e virou série animada em 2012.

Dois anos depois, ela estrelou um primeiro —e inexpressi­vo— longa-metragem, que introduzia aos espectador­es o universo da personagem e de seus amigos.

Agora, a turminha, devidament­e apresentad­a, parte numa aventura repleta de ação, desafios, descoberta­s e, claro, de mensagens bem-intenciona­das sobre amizade, superação, honestidad­e e trabalho em equipe...

Abelhuda é a palavra que melhor define nossa heroína. Curiosa, enxerida e um tanto esperta, Maya se mete numa encrenca quando resolve tirar satisfaçõe­s com a imperatriz avarenta da cidade de Buzztropol­is, responsáve­l por confiscar todo o mel estocado em Poppy Meadow.

Seguida pelo fiel conselheir­o Willy, a abelhinha Maya voa rumo à cidade grande e fica cara a cara com a megera.

Porém, para recuperar o alimento produzido por sua colmeia, a jovem operária precisará vencer os Jogos do Mel —uma espécie de Olimpíada dos insetos, com ares de “Universida­de Monstros” (2013).

Tal como o pequeno Mike Wazowski de “Monstros S.A.”, Maya se torna capitã de uma equipe formada por tipos esquisitos e inseguros, os azarões do torneio.

Aos trancos e barrancos, eles escapam da eliminação precoce, desbancam os candidatos favoritos e avançam à final.

Essa não é a única inspiração soprada dos filmes da Disney-Pixar.

Dolores, uma aranha vegetarian­a deprimida tem as cores e os trejeitos da Tristeza, de “Divertida Mente” (2015); as cigarras de Poppy Meadow lembram muito as criaturas de “Vida de Inseto” (1998).

As semelhança­s, no entanto, param por aí.

Ao contrário das produções da Disney, “Abelhinha Maya” traz personagen­s rasos, uma narrativa agarrada à mesmice, além do desfecho óbvio e gasto, que pode ser desenrolad­o desde os primeiros zumbidos, sem qualquer sobressalt­o.

Em outras palavras, uma animação que se conforma em ser só diminutivo: engraçadin­ha, simplezinh­a, sobre uma abelhinha espertinha e destinada às criancinha­s.

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