Governo, Câmara e Petrobras cedem à pressão de grevistas
Com paralisação de caminhoneiros, preço do diesel será reduzido; em SP, 40% dos ônibus não circulam hoje
Acuados pela greve dos caminhoneiros, o governo Michel Temer, a Câmara e a Petrobras cederam e tomaram ontem medidas para reduzir o preço do diesel. Por pressão do Planalto, a estatal anunciou queda de 10% no combustível (redução de R$ 0,25 nas bombas), que terá o valor congelado por 15 dias.
O objetivo é permitir que o governo negocie com manifestantes nesse período.
À noite, os deputados aprovaram no plenário versão reduzida do projeto de reoneração da folha de pagamento, exigência feita pelo governo para zerar a Cide, que incide sobre o diesel e eleva em R$ 0,05 o valor do litro.
Incluíram ainda mais um aceno aos grevistas: a eliminação de PIS/Cofins sobre o combustível até dezembro. A medida, que deve passar pelo Senado, impactará os cofres públicos em meio à crise fiscal. O governo diz que o rombo chegaria a R$ 12 bilhões e, em razão disso, pode reavaliar a redução da Cide.
A paralisação começou na segunda (21) e cresceu desde então. Ontem, houve protestos em 23 estados e no Distrito Federal, com ao menos 384 bloqueios em rodovias.
A greve já causa problemas de abastecimento. Há relatos de falta de combustível em postos e aeroportos e de alimentos em supermercados.
Indústrias interromperam a produção de carros e o abate de animais. Os Correios também foram afetados.
Em São Paulo, o rodízio está suspenso porque não há diesel para 40% dos ônibus, que terão de ficar fora das ruas hoje. A frota também foi reduzida em municípios do interior paulista.