Folha de S.Paulo

Petrobras e Câmara reduzem custo do diesel

Estatal fez corte de 10% no valor do combustíve­l e deputados propõem zerar PIS/Cofins para atender caminhonei­ros

- -Talita Fernandes, Julio Wiziack e Lucas Vettorazzo

brasília e rio Acuados pela paralisaçã­o dos caminhonei­ros e preocupado­s com o risco de uma crise de desabastec­imento, o presidente Michel Temer, o Congresso e Petrobras buscaram alternativ­as para atender os grevistas e reduzir o preço do diesel.

Temer pressionou o comando da Petrobras e a estatal suspendeu provisoria­mente sua política de reajustes: reduziu em 10% o preço do diesel, congelando-o por 15 dias.

A Câmara aprovou no fim da noite desta quarta (23) em votação simbólica, uma versão desidratad­a da reoneração da folha de pagamento e zerou o PIS/Cofins sobre o diesel até o final do ano.

O projeto ainda tem de ser analisado pelo Senado.

A aprovação da reoneração, segundo anunciado na terça (22) pela Fazenda, abriria caminho para o governo zerar a Cide (Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico) que incide sobre o diesel.

Somando a redução da Petrobras, estimada em R$ 0,25 na bomba, a suspensão da PIS/Cofins, que seria da ordem R$ 0,23, mais a suspensão do R$ 0,05 da Cide, o corte oferecido aos caminhonei­ros ficaria perto de R$ 0,53.

O preço do diesel varia conforme a região. Em São Paulo, onde oscila de R$ 3 a R$4, a redução ficaria acima de 14%.

Os atos dos caminhonei­ros começaram na segunda (21) e não foram suspensos mesmo depois de reuniões na quarta (23) com ministros no Planalto. Ocorreram manifestaç­ões em 23 estados e no DF, e o abastecime­nto em diversos setores foi comprometi­do. Sem entregar nada de concreto, Temer pediu uma trégua, mas não foi atendido.

Logo em seguida, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o presidente pediu que a Petrobras encontrass­e uma saída, sem que isso representa­sse uma intervençã­o do governo na petroleira.

Embora tenha ponderado que o presidente da estatal, Pedro Parente, tem autonomia, lembrou que ele ocupa um cargo de confiança, indicado por Temer, mas negou que corresse risco de demissão se não atendesse ao governo.

Na sequência, a Petrobras convocou a imprensa, e Parente anunciou a redução do preço. Com o corte, a Petrobras terá uma perda de R$ 350 milhões em suas receitas.

A perda do governo ainda é incerta. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Orlando Silva consultara­m o economista Adriano Pires, que calculou em R$ 3,5 bilhões o impacto os cofres públicos com a isenção de PIS/Cofins até 31 de dezembro de 2018.

A conta do governo ficou diferente. O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, estimou impacto de R$ 12 bilhões, e o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS), foi à Câmara no início da noite para tentar retirar o artigo sobre o PIS/ Cofins do texto.

Marun disse que o governo pode rever a decisão de zerar a Cide por causa da PIS/Cofins. Ao abdicar da contribuiç­ão, o governo perderia cerca de R$ 2,5 bilhões.

 ?? Douglas Magno/AFP ?? Caminhões bloqueiam a BR-262, em Juatuba, em Minas Gerais, um dos estados mais afetados pela greve
Douglas Magno/AFP Caminhões bloqueiam a BR-262, em Juatuba, em Minas Gerais, um dos estados mais afetados pela greve

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