Folha de S.Paulo

O que está na mesa de negociação da greve

- Leandro Colon

CAMINHONEI­ROS PEDEM Revisão na política de reajuste de preços Desde julho de 2017, Petrobras faz reajuste diário, seguindo a cotação do internacio­nal do petróleo e a variação cambial, o que fez o diesel ter alta de 33%

Redução de tributos Quase 30% do preço do diesel cobre tributos federais e estaduais

GOVERNO OFERECE Suspensão da política de reajustes Petrobras aceita reduzir preço do diesel em 10% por 15 dias

Suspensão de tributos Câmara propõe zerar PIS/Cofins e governo avalia zerar Cide brasília O governo de Michel Temer não aguentou três dias de greve de caminhonei­ros. Sentiu o peso político de um país à beira de uma paralisia causada pelos protestos nas rodovias. Não suportou a pressão, esqueceu o que dissera e foi à lona.

O episódio tem revelado o quão desnortead­o está o Planalto. Impopular, fraco, cambaleant­e a cada crise.

Mostrou ao país e ao mercado internacio­nal que a Petrobras topa perder um bom dinheiro (ao menos R$ 100 milhões no caixa da empresa) diante da incapacida­de de enfrentar 72 horas de chantagem de uma categoria.

Ficou para o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o desgaste maior. Na terça (22), esteve em Brasília com Eduardo Guardia (Fazenda) e Moreira Franco (Minas e Energia). Saiu do encontro sem sinalizar redução e com o discurso de não haveria mudança na política da Petrobras.

Não demorou muito, Parente cedeu e foi à TV nesta quarta (25) anunciar a redução de 10% do diesel por 15 dias.

Minutos antes da fala de Parente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, deu brecha para interpreta­ções de que ele foi enquadrado pelo Planalto de um dia para o outro —por mais que os dois lados neguem.

Segundo Padilha, Temer queria que a Petrobras desse uma solução para o impasse. “O cargo de Parente é um cargo de confiança do presidente da República”, disse.

O Planalto já havia sido derrotado na reação política em Brasília ao ser atropelado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no anúncio do acordo para zerar a Cide para o diesel em troca da aprovação do projeto de reoneração da folha de pagamento.

A fraqueza demonstrad­a nos últimos dias não deixa de ser um incentivo para outros setores ameaçarem o governo nos sete meses que faltam para o seu melancólic­o fim.

Os caminhonei­ros, por exemplo, ignoraram o apelo de Temer por uma trégua de três dias e avisaram (antes da redução do diesel) que, ao menos até esta sexta (25) manteriam a manifestaç­ão.

O bloqueio nas estradas ocorre na semana em que o presidente confirmou a desistênci­a do fantasioso desejo de disputar a reeleição para anunciar o apoio do MDB ao nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Sem ultrapassa­r os 2% das intenções de voto, Meirelles será o candidato responsáve­l por defender o legado deste governo.

Poucas coisas são tão impopulare­s quanto aumento de preço de combustíve­l. Ainda mais em ano de eleição.

Leia mais nas págs. A14, A15 e A16

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