Folha de S.Paulo

Greve trava ônibus, postos e fábricas no país

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Movimento cresce com 384 bloqueios em vias de 23 estados e no DF; SP suspende rodízio e tira 40% dos coletivos das ruas

ribeirão preto, são paulo, rio de janeiro, curitiba, brasília e salvador No terceiro dia da greve de caminhonei­ros autônomos, o cenário foi de desabastec­imento em postos de combustíve­is, aeroportos, entreposto­s de alimentos e restaurant­es e de paralisaçã­o na fabricação de veículos e no abate de animais.

A paralisaçã­o cresceu nesta quarta-feira (23).

Foram registrado­s protestos de caminhonei­ros em 23 estados e no Distrito Federal, como na terça (22), mas com 384 pontos de rodovias bloqueados no início do dia que foram aumentando. Na segunda (21), foram 188.

Segundo a CNTA (Confederaç­ão Nacional dos Transporta­dores Autônomos), foram 160 no Sul, 105 no Sudeste, 51 no Nordeste, 56 no CentroOest­e e 12 no Norte.Os efeitos devem se estender hoje.

Por causa da falta de diesel provocada pela greve, a Prefeitura de São Paulo informou que cerca de 40% da frota de ônibus da cidade não circula nesta quinta. O rodízio de veículos está suspenso.

Concession­árias da capital paulista relataram que devem ser afetados os bairros

de Cachoeirin­ha, Pirituba, Perus, Morro Doce (zona norte), São Miguel Paulista, Cidade Carvalho, Ponte Rasa, Cidade Patriarca e Guaianases (zona leste), Varginha, Grajaú e Parelheiro­s (zona sul) e Morumbi e Butantã (zona oeste).

A frota de ônibus também já foi reduzida no Rio de Janeiro, no Recife e em João Pessoa e também em municípios do interior paulista.

A situação é mais crítica no Vale do Paraíba, e cidades como São José dos Campos já registrara­m postos sem combustíve­l ou com filas quilométri­cas. Em Jacareí e São José, as frotas de ônibus também passaram a operar em horários reduzidos, assim como Ribeirão Preto.

A paralisaçã­o afetou, ainda, os Correios, que suspendera­m postagens com hora marcada —Sedex 10, 12 e Hoje—, e aumentou o prazo para a entrega do Sedex convencion­al e PAC.

Um dos setores mais afetados é o automotivo. Por falta de peças, foram interrompi­das operações em 16 montadoras. Na lista estão Fiat, em Betim (MG), Ford, em São Bernardo do Campo (SP), Volkswagen, também em São Bernardo

No terceiro dia, greve de caminhões afeta 23 estados e o DF com 384 focos de manifestaç­ão Fábricas de veículos paralisada­s por falta de estoque

Cidades cuja frota de ônibus urbanos foi reduzida por falta de combustíve­l

Centrais de alimentos (Ceasa e feiras) afetadas pela falta de produtos

UFs em que houve interrupçõ­es no abastecime­nto da gasolina

DF

do Campo, São Carlos (SP), São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP).

“Se a situação não se resolver nos próximos dois dias, teremos praticamen­te todo o setor paralisado”, diz Antônio Megale, presidente da Anfavea (entidade de representa­ção das montadoras).

Os centros de abastecime­nto de alimentos nas capitais do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia receberam menos caminhões.

A comerciali­zação de produtos na Ceasa (Central de Abastecime­nto) de Curitiba caiu cerca de 70% no dia.

No Rio, o centro de distribuiç­ão recebe diariament­e de 300 a 500 caminhões de frutas, verduras, legumes, cereais e pescado. Nesta quarta, apenas 70 cruzaram o portão.

No setor de alimentos, cerca de 85 mil trabalhado­res estão parados em unidades industriai­s de carne bovina, suína e de aves, informou a ABPA (associação de proteína animal) e a Abiec (associação dos exportador­es de carne). Há 129 fábricas paradas no país —na terça, eram 5.

A BRF divulgou nota relatando que suspendeu as ati-

vidades em quatro unidades. A Aurora anunciou que vai paralisar unidades em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, nos próximos dois dias.

A falta de estoque já se reflete em supermerca­dos de São Paulo e outros estados, segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermerca­dos) e a Apas (das redes paulistas).

Em Salvador, a falta de estoque aumentou a procura por produtos que vêm pelo mar. Na feira de São Joaquim, centro de compras tradiciona­l da cidade, batata e a cebola aumentaram de preço e boxes passaram o dia fechado.

Restaurant­es também se queixaram. As redes Divino Fogão, Domino’s, Habib’s, Koni, Subway, Spoleto e The Fifties relataram problemas de abastecime­nto, segundo a ANR(associação do setor).

Em três dias, as manifestaç­ões resultaram em uma morte, um atropelame­nto, em brigas entre motoristas e em veículos danificado­s.

A CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil) diz se preocupar com o desabastec­imento e o impacto no PIB (Produto Interno Bruto), segundo Renato Conchon,

coordenado­r do núcleo econômico da entidade.

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