Folha de S.Paulo

Indústria siderúrgic­a ataca decisão do governo de não sobretaxar aço chinês

- -Patrícia Campos Mello

NÃO HÁ ALMOÇO GRÁTIS, AFIRMA MACRON A GIGANTES DA TECNOLOGIA

O presidente da França, Emmanuel Macron (centro), durante encontro com executivos do Vale do Silício, no qual disse que empresas precisam contribuir mais com a sociedade são paulo O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgic­as, atacou nesta quarta (23) a decisão da Camex de adiar por um ano imposição de tarifas sobre laminados planos importados da China.

“Diante das medidas dos EUA, o mundo inteiro está se movimentan­do para proteger suas indústrias siderúrgic­as, a União Europeia se prepara para adotar salvaguard­as, e o Brasil não faz nada”, disse à Folha Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.

Na segunda (21), a Camex (Câmara de Comércio Exterior) aprovou a aplicação de medidas compensató­rias sobre as importaçõe­s de laminados planos da China. Mas decidiu, ao mesmo tempo, suspender a medida porque ela seria contrária ao “interesse público”, por causar aumento de preços e custos no Brasil. A indústria nacional havia pedido medidas compensató­rias, que podem ser sobretaxas ou cotas, sobre a importação de laminados chineses, alegando que o país subsidia a exportação dos produtos.

Em janeiro, a Camex tomara decisão na mesma linha, em relação a direitos antidumpin­g sobre laminados a quente da china e da Rússia.

A indústria siderúrgic­a brasileira vem pedindo medidas de proteção contra um possível desvio de comércio causado pelo recente fechamento do mercado americano.

O governo Trump anunciou no início do mês a imposição de cotas para exportação de aço brasileiro. O Brasil terá uma cota equivalent­e à média da exportação dos três últimos anos, no caso de semiacabad­os, e de 30% a menos que a média do período, para os produtos acabados.

Países como Rússia e China pagarão tarifa de 25%, e outros, como Coreia do Sul e Argentina, também terão cotas.

Com essa limitação na exportação para os EUA, a indústria siderúrgic­a teme que parte do aço que não entrar no mercado americano poderá ser direcionad­a para o Brasil.

Segundo a Folha apurou, a percepção na Camex é que ainda não há um aumento na importação de aço que justifique medidas compensató­rias. Para o conselho, a indústria vem sofrendo por causa do desaquecim­ento do mercado interno, não por entrada de importaçõe­s. Além disso, consumidor­es de aço como indústria de máquinas e carros seriam muito afetados.

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