Aos 33, Miranda supera frustração e vai disputar seu primeiro Mundial
Preterido nas Copas de 2010 e 2014, zagueiro será o titular mais velho da posição desde Bellini
teresópolis (rj) Nove anos após fazer sua estreia como titular da seleção brasileira, o zagueiro Miranda, 33, debutará em uma Copa do Mundo.
O jogador deve se tornar o zagueiro titular mais velho a disputar um Mundial pela seleção brasileira desde Bellini, que em 1966 jogou o Mundial da Inglaterra aos 36 anos.
Pela idade e trajetória, Miranda poderia, assim como Bellini em 1966, estar perto de o seu terceiro Mundial.
No entanto, ele ficou fora das listas de convocados para os Mundiais de 2010, na África do Sul, e de 2014, no Brasil, quando era considerado nome quase certo nas convocações de Dunga e Felipão.
Há oito anos, uma suspensão colaborou para a sua ausência no Mundial. Expulso em partida contra a Venezuela, pela última rodada das eliminatórias, ele foi punido pelo tribunal desportivo da Conmebol (Confederação SulAmericana de Futebol) e, se fosse convocado, perderia os dois primeiros jogos do Brasil na África do Sul.
Em 2014, Scolari preferiu convocar o zagueiro Henrique, que na época era do Napoli, da Itália, ao defensor que viria a ser vice-campeão da Liga dos Campeões com o Atlético de Madri, da Espanha.
“Realmente fiquei triste de não disputar as duas últimas Copas, mas procuro respeitar a decisão de cada treinador. Admito que esperava a convocação para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil”, disse o zagueiro nascido em Paranavaí (PR), à Folha.
Apesar da longa espera para disputar o primeiro Mundial de sua carreira, Miranda chega com status de titular.
Na Rússia, ele formará a dupla de zaga com Marquinhos, 24, titular na maioria dos jogos sob o comando de Tite, ou Thiago Silva, que passou a ter mais prestígio com o técnico após as boas atuações nos últimos amistosos da seleção, contra Rússia e Alemanha.
Thiago Silva, 33, que jogou os Mundiais de 2010 e 2014, é 15 dias mais novo do que o zagueiro paranaense.
O jogador da Inter de Milão é o sexto atleta que mais atuou na era Tite na seleção, com 14 jogos —os meios-campistas Renato Augusto, Philippe Coutinho e Willian são os que mais jogaram, com 17 partidas cada um.
Desde que o treinador assumiu o comando da equipe, o zagueiro só não jogou contra a Colômbia, pelas eliminatórias, quando foi cortado após sofrer uma concussão. Ele também foi poupado dos amistosos contra Argentina e Austrália, na Oceania.
Em minutos em campo, ele perde apenas para o goleiro Alisson e o meio-campista Paulinho. O defensor jogou 1.208 minutos com Tite, contra 1.377 minutos do jogador do Barcelona e 1.305 do camisa 1 da seleção brasileira.
“Chego à minha primeira Copa do Mundo no melhor momento da minha carreira. Nesse período, tive uma evolução técnica e tática muito grande”, afirmou Miranda.
O camisa 3 é considerado um dos líderes da seleção, apesar de se considerar uma pessoa reservada.
“Eu e minha esposa [Jaqueli- ne] somos fechados e vivemos bem assim”, disse o jogador, que tem dois filhos: João Vitor (12 anos) e Lucas (8 anos).
Ele foi escolhido para vestir a braçadeira em duas oportunidades. Tite faz um rodízio de capitães na seleção.
“Me vejo sim como um dos líderes. Temos vários líderes e cada um com o seu jeito. Todas as lideranças são aceitas na seleção”, afirmou.
Com a experiência de sete anos consecutivos no futebol europeu, Miranda vê a seleção brasileira com a credibilidade recuperada após o vexame do 7 a 1 em 2014 e os fracassos nas Copas América de 2015 (eliminado nas quartas pelo Paraguai) e de 2016 (eliminado na fase de grupos).
Para o jogador, o ponto forte do time brasileiro é o conjunto formado por Tite.
“A seleção é madura e com vários jogadores que decidem. Sabemos da importância de Neymar, mas não vejo que somos dependentes dele. Tivemos uma evolução tática muito grande nesse período”. Miranda, 33
Revelado pelo Coritiba, o zagueiro participou do tricampeonato brasileiro com o São Paulo (2006-2008). Ficou no clube até 2011, quando se transferiu para o Atlético de Madri. Na equipe espanhola, foi vice da Liga dos Campeões (2014). Desde 2015, está na Inter de Milão