Folha de S.Paulo

Repercussã­o

- Crítico, autor de ‘O Cânone Americano’ escritor, autor de ‘A Trilogia de Nova York’ biógrafo oficial Depoimento­s a Silas Martí

Harold Bloom,

“Roth representa o ápice da literatura americana desde a morte de Faulkner, estão em pé de igualdade. Certa vez ele definiu o homem como um monte de argila com aspirações; penso que não haja definição melhor.”

Paul Auster,

“Sabia que estava morrendo, era meu amigo. Um colega mais velho, como um tio. Era uma força e esteve entre nós por muito tempo. Teve um impacto enorme que poucos escritores conseguem ter.”

Blake Bailey,

“Ele retratou os lados mais brilhantes e obscuros da vida americana. Ele gostava de posar para retratos com um rosto severo só para manter o público a uma certa distância, mas era caloroso e jovial. Só não gostava de gente pretensios­a, que é quando seu lado austero se manifestav­a.” pai que vê seu mundo desmoronar quando a filha promove um atentado; “Casei com um Comunista” (1998), sobre a paranoia macarthist­a; e “A Marca Humana” (2000), sobre a militância identitári­a e o politicame­nte correto.

Nos anos 1970, ainda sob a Cortina de Ferro, foi para a Tchecoslov­áquia conhecer escritores —mais tarde, editou pela Penguin a coleção Writers from Other Europe, ajudando a divulgar a obra de autores do Leste Europeu.

O auge de sua verve debochada foi “Teatro de Sabbath” (1995), que Roth via como sua melhor obra. Mickey Sabbath, o protagonis­ta, é um de seus personagen­s mais fascinante­s —um ex-titereiro velho e libidinoso que entra em crise após a morte da amante.

Parte de sua obra —no Brasil editada quase toda pela Companhia das Letras— tem inspiração autobiográ­fica. Um dos alter egos de Roth é Nathan Zuckerman, escritor cuja vida tem paralelos com a do autor e que narra nove livros. Três deles compõem o volume “Zuckerman Acorrentad­o”.

“O Seio” (1972), história kafkiana de um professor que acorda transforma­do em um peito de mulher, tem como personagem David Kepesh, que também guarda semelhança­s com o autor. Em “Operação Shylock”, o protagonis­ta se chama Philip Roth.

Em uma entrevista à revista Paris Review, em 1993, Roth disse que falsificar a própria biografia, criando uma existência imaginária para dramas reais, era um de seus prazeres.

Quando se achava que Roth estava esgotado, ele começou a publicar um livro por ano, de 2006 a 2010, e decidiu abandonar a literatura —passou a ficar em casa lendo principalm­ente não ficção.

Roth teve dois casamentos conturbado­s. O primeiro, de 1959 a 1963, com Margaret Martinson Williams —depois o escritor descobriu que ela fingira uma gravidez para que casassem. A ex inspira uma personagem de “Os Fatos”.

A segunda união foi com a atriz Claire Bloom, de quem se separou em 1996. Ela publicaria um livro de memórias, “Leaving the Doll’s House”, em que o acusava de ser controlado­r e misógino.

Misoginia e machismo, aliás, foram algumas das acusações vindas com frequência de feministas —que pareciam ignorar que os homens, na obra dele, são com frequência patéticos, frágeis, derrotados.

Nos últimos anos, vinha mantendo contato com o biógrafo Blake Bailey, para o livro que será a versão oficial de sua vida, a sair em 2021. Leia mais na pág. C3

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