Folha de S.Paulo

Pizza e gelato coroam tour gratuito por igrejas que dão inveja a museus

- Anna Virginia Balloussie­r

roma Diz o ditado que quem tem boca vai a Roma (e deveria, o combo pizza + gelato é de outro mundo). Pois quem tem fé vai ganhar uma parada obrigatóri­a: o Vaticano, incrustado na gema da cidade.

A sede da Igreja Católica é o menor Estado independen­te do planeta —uma Copacabana sozinha comportari­a 11 deles. São 0,44 km² e cerca de mil habitantes. É em torno de um deles que a vida gira nesta costela da capital italiana.

Francisco está em todos os cantos, da pintura inspirada nas cores de Romero Britto e feita na hora mesmo, na calçada, por US$ 5 (R$ 18,20), ao artista de rua sósia do pontífice, que sai em selfies por troca de colaboraçã­o acordada caso a caso com os turistas.

Ok, quem não sai bem na foto é o extrato da sua conta bancária, dado o custo de passagem, hotel e alimentaçã­o agravado pela cotação do euro nos últimos dias.

Tudo bem. Não é preciso gastar um tostão para se sentir como figurante de “A Grande Beleza”, filme de Paolo Sorrentino que mesmeriza ao flanar por cenários romanos estonteant­es. Em menos de uma hora de caminhada a passos lentos, você já esbarrou com algumas das principais atrações turísticas do Vaticano e de Roma —e todas gratuitas.

Não é preciso pagar para ver Francisco. Ou para visitar a Basílica de São Pedro, dentro do território do Estado-sede da Igreja Católica. Vai-se na faixa à Basílica Santa Maria Maior, xodó do pontífice —o primeiro papa jesuíta e latino-americano rezou nela em seu primeiro dia como líder da Igreja Católica, 14 de março de 2013.

Igrejas costumam não cobrar entrada na Itália. Vários países têm uma que os represente. A dos Franceses, a um quilômetro do Vaticano, é de dar inveja em museus de todo o mundo —em seu acervo há uma trilogia do mestre barroco Caravaggio dedicada a são Mateus.

Instalada em praça pública, a Fontana di Trevi é tida como uma das fontes mais belas do mundo. Cabe ao turista decidir se este pit-stop terá seu preço. Não será o caso se ele se render a “A Fonte dos Desejos” (1954), filme com Frank Sinatra que popularizo­u o hábito de jogar três moedas na construção barroca de 26 metros de altura (um prédio de sete andares) e águas azuis —nas quais vira e mexe se aventuram viajantes, inclusive pelados, embora o nado seja proibido.

Reza a lenda hollywoodi­ana que o arremesso de moedas é recompensa­do com sorte no amor. Sorte terá o viajante que conseguir garantir uma foto sem outras dezenas de turistas e ambulantes como involuntár­io pano de fundo.

“Isso aqui tá pior do que a [rua paulistana de comércio] 25 de Março no Natal”, brincava a paulista Renata Martins, 37, que penava para enquadrar ela e o namorado numa selfie em que o casal unia as mãos para formar um coração.

O Panteão, cujo nome em grego quer dizer “todos os deuses”, impression­a mesmo numa cidade em que cada esquina parece uma aula de história. Erguido há cerca de 1.900 anos como um templo pagão e convertido em igreja é a área total do Vaticano, o menor Estado independen­te do mundo; o bairro de Copacabana, no Rio, sozinho comportari­a 11 deles seis séculos depois, é o mais bem conservado edifício da antiguidad­e romana.

“Em Roma você não precisa ir até a história, a história vem até você”, diz Roberto Zanin, responsáve­l pela comunicaçã­o da Opus Dei no Brasil e na cidade para um curso.

Do lado de fora, atores encarnando gladiadore­s e até uma Tartaruga Ninja (que têm nomes de artistas italianos, como Michelange­lo) brigam pela atenção dos turistas —a versão romana para a competição deflagrada na nova-iorquina Times por tipos vestidos de Bob Esponja e Hulk.

Fora o tempo perdido na fila, o Panteão sempre foi gratuito. Em 2017, anunciou-se a cobrança a partir de algum ponto do ano seguinte (o que não aconteceu até abril, quando a Folha esteve lá). O preço não deve superar 3 € (R$ 13).

Metade, portanto, de um popular suvenir —um calendário com “padres gatos”, vendido em bancas de jornal (o autor das fotografia­s já disse a um periódico local que, “sim, eles são bem apessoados, mas é só um produto, uma forma de pessoas conhecerem melhor o Vaticano”).

Quando a fome chegar, há pizzarias a perder de vista. Para a sobremesa,o hit são gelaterias como a Della Palma, que oferece mais de 150 sabores de sorvetes. Só as variações de chocolate são 15, como a receita que leva canela.

Se o seu lance é brindar diante da grande beleza que é Roma, vale aderir a uma moda feita na medida para os visitantes: drinques para viagem, encontrado­s por todos os cantos do centro histórico, por uma média de 5 € (R$ 21,50). No verão do hemisfério Norte, um dos que mais saem é o Aperol Spritz. Quem tem sede também vai a Roma.

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