Folha de S.Paulo

Festival de festivais comemora o verão europeu

Eventos aproveitam chegada da estação para celebrar desde barcos antigos, na Escócia, até o jasmim, na França

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nova york Festival do jasmim na França, festa medieval na Alemanha: para além dos conhecidos eventos de música e literatura da Europa, existe uma profusão de celebraçõe­s, das convencion­ais às exóticas.

Solstício de verão, Suécia

Há uma cena enraizada no inconscien­te coletivo da Suécia: um mastro cruciforme envolto por folhas de bétula e flores, com duas coroas floridas pendentes dos braços da estrutura; uma longa mesa preparada para uma festa, na varanda de uma casa de campo; vasilhas repletas de morangos —os primeiros da estação; e os convidados, muitos dos quais usando guirlandas de flores, que vão cantar, beber e dançar até a madrugada, no dia mais longo do ano.

O solstício de verão é um dos feriados mais importante­s do calendário sueco. As festividad­es começam na “midsommara­fton”, ou véspera do solstício, sempre uma sextafeira no final de junho.

É nesse momento que, como diz a letra de uma canção do grupo de rock da Suécia Kent, “Bebemos a um novo solstício de verão/Batatas frescas e arenques/Como se o tempo parasse”.

A celebração tem um cardápio específico —batatas frescas, arenque em conserva e morangos— e uma lista de canções obrigatóri­as, entre as quais “Sma Grodorna” (“as pequenas rãs”), com uma coreografi­a que envolve saltitar em volta do mastro.

Os tradiciona­listas tiram do armário suas roupas folclórica­s, e buquês de flores são transforma­dos em coroas. A cerveja flui livremente durante todo o dia, e cada prato vem acompanhad­o por doses de aquavit (destilado de cereais ou batata) geladíssim­o.

Quem não pode viajar ao campo participa de celebraçõe­s públicas nos parques das cidades do país ou vai ao festival de Skansen, um evento a céu aberto de três dias de duração, em um museu e zoológico de Estocolmo.

Festival do Jasmim, Grasse (França)

A cada agosto, a cidade medieval de Grasse, na Provença —também conhecida como a capital mundial da perfumaria—, para por três dias para prestar uma homenagem a uma das flores fragrantes que ajudaram a orientar o seu destino: o jasmim.

No Festival do Jasmim (o primeiro foi realizado em 1946), as casas de campo são decoradas com guirlandas, e o mesmo acontece em boa parte da cidade e sua praça central. As mulheres usam roupas com estampas floridas e tocam instrument­os medievais. E, nas ruas ladeadas por cafés rústicos, crianças assistem a espetáculo­s de marionetes com temas ligados às flores.

O principal evento é um desfile durante o qual um caminhão de bombeiros carregado de água com essência de jasmim circula pela cidade e encharca a multidão.

Os carros do desfile circulam pelas ruas tortuosas, mulheres jovens lançam flores para os espectador­es e homens de chapéu-coco caminham sobre pernas de pau pelas ruas cobertas por pétalas.

O lugar de Grasse na história do perfume é incontestá­vel. Em séculos passados, a cidade foi um próspero centro de produção de couro, mas o curtimento deixava odores fortes nas peças produzidas.

Um perfumista local ofereceu um par de luvas de couro perfumadas a Catarina de Médici, rainha da França entre 1547 e 1559, e com isso a indústria da perfumaria da cidade nasceu.

Tanto o jasmim quanto a rosa de maio, ou de damasco, desempenha­ram papéis importante­s no setor de perfumaria e em fragrância­s famosas.

As datas e informaçõe­s sobre as festividad­es deste ano estão disponívei­s no site do escritório de turismo de Grasse: grassetour­isme.fr.

Festival Mediaval, Selb (Alemanha)

Selb, uma cidadezinh­a da Baviera, na fronteira com a República Tcheca, se transforma, durante quatro dias de setembro, em um reino de elfos, donzelas encantadas, guerreiros sempre dispostos a bater capacetes e comerciant­es usando trajes medievais que oferecem todo tipo de produto, de vitrais a Mutzbraten, um prato bávaro de carne de porco com especiaria­s.

O Festival Mediaval (que neste ano acontece entre 6 e 9 de setembro) afirma ser o maior da Europa e segue a regra não escrita desse tipo de evento, combinando encenações vagamente baseadas em acontecime­ntos históricos e personagen­s e iconografi­a inspirados pelos mundos mágicos de J.R.R. Tolkien, “Game of Thrones” e o jogo Dungeons & Dragons, entre outros.

O evento também oferece cursos nos quais os visitantes aprendem, por exemplo, a fazer tinturas herbáceas de acordo com as receitas originais da visionária abadessa beneditina Hildegard von Bingen, além de aprender a tocar apitos de estanho e ter seus manuscrito­s avaliados pelo autor de literatura de fantasia Bernhard Hennen.

Um passe com validade de quatro dias custa de 90 a 111 euros (R$ 387 a R$ 477). O preço inclui espaço para acampar, ingressos para demonstraç­ões de falcoaria, dança medieval e participaç­ão em um cabo de guerra gigante.

Festival de Barcos Tradiciona­is, Portsoy (Escócia)

Barcos de pesca e equipes de remo competirão na 25ª edição anual do Festival de Bar-

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David B. Torch/ The New York Times Público dança em evento que comemora a chegada do verão, na Suécia

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