Discussão é avanço que não terá volta, afirma escritora
Uma das primeiras defensoras da causa foi a escritora Claudia Piñeiro. Em programa de TV, ela questionou a vice-presidente Gabriela Michetti, que é católica e antiaborto, sobre a questão. Rodeada de mulheres defensoras da aborto, ela afirmou que não via problema em que se começasse uma discussão parlamentar.
“Não tinha ideia do que viria depois, mas achei positivo o posicionamento dos dois [Macri e Michetti], pois acabaram lançando um debate que levar a uma definição que vai contra seus princípios. Mas isso é democracia, é saudável para o país”, diz Piñeiro à Folha.
Mãe de três filhos, Piñeiro, 58, crê que a proposta “pode até perder por poucos votos, mas já conseguimos um avanço que não terá volta”.
“Em vários países foi assim, no próprio Uruguai houve derrotas parlamentares a princípio, mas uma vez que o assunto se transforma em pauta da sociedade, pode demorar mais um ou dois anos, que acabará passando”, disse.
Piñeiro diz que se impressiona com a quantidade de mulheres jovens nas marchas. “Elas de fato fazem a diferença, porque são as mulheres do futuro e que querem decidir por si mesmas.”
Os que são contra o projeto alegam que a lei que permite abortar quem é vítima de estupro é suficiente. “Mas eles defendem um paradoxo. Se garantem que a vida começa na concepção e que os fetos têm direitos, por que permitem que o feto gerado de um estupro seja abortado?”, defende Piñeiro.