Folha de S.Paulo

Virtuosism­o do barroco é destaque na Sala São Paulo nesta segunda

- -Sidney Molina

são paulo Já faz algum tempo que o resgate da música barroca por cantores virtuoses e grupos instrument­ais especializ­ados está em alta na cena internacio­nal de concertos.

A agilidade dos melismas vocais, o cravo apoiando a harmonia, nuances de articulaçã­o, peças com seções curtas, e contrastes súbitos de andamentos e intensidad­es são uma alternativ­a saudável à predominân­cia do repertório canônico dos séculos 19 e 20.

Atenta a essa tendência, a Cultura Artística tem encaixado nomes importante­s da performanc­e do século 18 em suas temporadas recentes.

Nesta segunda-feira (11), a Sala São Paulo recebe o grupo Les Violons du Roy com regência do canadense Mathieu Lussier. Inicialmen­te anunciada como solista, a cantora checa Magdalena Kozená, de 45 anos, será substituíd­a pela russa Julia Lezhneva, de 28.

Assim como no ano passado —quando o contrateno­r Philippe Jaroussky atuou com Le Concert de la Loge—, o programa é centrado em Handel (1685-1759).

De fato, o compositor é o mais cosmopolit­a do período barroco: nascido na Alemanha, passou um bom tempo na Itália antes de se radicar na Inglaterra (ele está sepultado no país).

Seja nas óperas baseadas na história antiga, como “Júlio César no Egito” ou “Alessandro”, sucessos em Londres na década 1720, ou em oratórios sacros — com estrutura similar, mas sem encenação—, como “O Triunfo do Tempo e do Desengano” ou “O Messias”, ele se comunica de forma direta e valoriza o potencial dos intérprete­s.

Árias extraídas dessas obras estarão no programa desta noite. Uma delas, “Lascia la Spina, Cogli la Rosa” (“deixa o espinho, colhe a rosa”), foi adaptada por Handel (com outra letra) para a ópera “Rinaldo”, e aparece com destaque tanto na trilha do filme “Farinelli” (1994) como em “Anticristo” (2009), do diretor Lars von Trier.

Aberturas e concertos grossos comporão a parte instrument­al do programa e, para além de Handel, Lezhneva interpreta­rá a ária “Agitata da Due Venti” de Vivaldi (1678-1741).

Quem havia comprado ingresso para ver Kozená não deverá se desapontar com a mudança: a jovem russa já é um dos principais destaques mundiais nesse repertório.

Les Violons du Roy

Seg., às 21h, na Sala São Paulo, pça. Júlio Prestes, 16, tel. (11) 36679500. De R$ 75 a R$ 600 (ingressos a R$ 20 e R$10 30 minutos antes caso haja haja disponibil­idade)

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