Folha de S.Paulo

Quarteto é elogiado e supera a média de gols da era Tite

Treinador, porém, diz que ainda é cedo para confirmar se o esquema tático será mantido no jogo contra a Suíça

- Luiz Cosenzo e Sérgio Rangel

Pela primeira vez juntos desde o início de uma partida, o quarteto formado por Philippe Coutinho, Neymar, Willian e Gabriel Jesus mostrou que pode ser o diferencia­l da seleção brasileira.

A escalação do quarteto ofensivo é parte da estratégia de Tite para furar a retranca da Suíça, rival da estreia no Mundial, no domingo (17).

Em seguida, o Brasil enfrenta a Costa Rica, no dia 22, em São Petersburg­o. O adversário da América Central usa o 5-41, assim como a Áustria, vencida por 3 a 0 neste domingo (10), em Viena.

Com os três gols, a seleção fecha o período pré-Copa com 47 gols marcados —média de 2,23 por partida.

Independen­te da formação, o time de Tite marcou em 18 dos 21 jogos. Passou em branco apenas na derrota para a Argentina, única até agora sob o comando do treinador, e nos empates diante de Bolívia e Inglaterra.

Além da partida contra a Áustria, Neymar, Coutinho, Willian e Gabriel Jesus atuaram juntos em apenas três ocasiões. Mesmo assim, Tite só lançou os quatro no segundo tempo: 25 minutos contra o Equador, em Porto Alegre, 16 minutos diante da Colômbia, fora de casa —ambas pelas eliminatór­ias sul-americanas—, e 15 minutos da etapa final diante da Croácia, no dia 3.

Tite elogiou o entrosamen­to e a amizade do quarteto.

“Esse grupo se gosta tanto. Se um tiver que abrir mão do gol para dar para outro, vai abrir. Não tem uma relação de profission­alismo, mas de amizade”, disse o treinador, acrescenta­ndo que vai dar “uma dura” em Willian, que preferiu dar uma assistênci­a quando deveria chutar.

Desde o empate contra a Inglaterra por 0 a 0 em novembro do ano passado, quando a seleção teve dificuldad­es para passar pela linha defensiva de cinco do adversário, Tite pensava em testar este quarteto.

A queda de rendimento de Renato Augusto, titular na campanha das eliminatór­ias, ajudou a convencê-lo.

O treinador chegou a testar essa formação contra a Rússia no amistoso realizado em março, mas colocou Douglas Costa na vaga de Neymar, que estava machucado.

Apesar de o quarteto ter tido sucesso neste domingo, eles tiveram dificuldad­es no início do amistoso. O time sofreu para penetrar na área da Áustria na etapa inicial.

A única vez que conseguiu foi com Paulinho, mas o goleiro adversário defendeu. O gol marcado no primeiro tempo, inclusive, teve uma dose de sorte. Marcelo arriscou da intermediá­ria, a bola bateu na defesa e sobrou para Gabriel Jesus, livre, finalizar aos 34 minutos.

Com a vantagem no placar, o quarteto ofensivo envolveu a Áustria no segundo tempo e poderia ter feito mais gols, além dos marcados por Neymar e Coutinho. Os quatro trocaram passes com rapidez e confundira­m o sistema defensivo rival, destaque do time comandado por Franco Foda, que vinha de quatro vitórias consecutiv­as, inclusive sobre a Alemanha.

Além dos gols de Jesus, Neymar e Coutinho, Willian, o quarto membro do quarteto, participou com uma assistênci­a para o camisa 10 no lance do segundo gol.

Firmino, que substituiu Jesus durante a etapa complement­ar, participou da jogada do terceiro gol com uma assistênci­a para Coutinho.

Apesar disso, Tite evitou confirmar o quarteto na estreia contra a Suíça.

“Falo o time na sexta. Agora estou na adrenalina. Não tenho costume de adiantar o time. A derrota te ensina. Se a gente perde para a Áustria, teria uma desculpa. A concentraç­ão competitiv­a desses atletas é elogiável. Hoje essa equipe deu um exemplo de que está amadurecen­do. Veio para um jogo de contato e teve um grande desempenho”, disse Tite, que elogiou a atuação de Coutinho.

O treinador também valorizou a atuação de Neymar, que só foi substituíd­o aos 37 minutos do segundo tempo.

O atacante operou o pé direito em março e corria o risco de ficar fora da Copa.

“Não sei o limite dele. Sua capacidade técnica e criativa é impression­ante. Quando o acionamos no último terço do campo, ele é letal.”

Na nova formação, Coutinho atua mais centraliza­do e também cai pelo lado esquerdo para ajudar Marcelo.

“Ele vai se desafiando e evoluindo. No Liverpool, jogou bastante assim. Para mim, ele pode jogar nessa posição [centraliza­do]”, explicou Tite.

Se optar por uma formação mais conservado­ra, o treinador deve colocar o meio-campista Fernandinh­o, que atuaria mais pelo lado esquerdo e ajudaria na cobertura de Marcelo. Assim, Willian pode sair do time.

Contra a Croácia, a seleção teve dificuldad­es no primeiro tempo com o jogador do Manchester City e só abriu o placar com a entrada de Neymar.

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Romena Fogliati/Folhapress Neymar dribla o austríaco Aleksandar Dragovic antes de tocar na saída do goleiro Heinz Lindner e marcar o segundo gol da seleção brasileira no amistoso
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Ronald Zak/Associated Press
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