Folha de S.Paulo

Messi e Ronaldo vivem última chance de título em alto nível

Jogadores que monopoliza­m prêmio de melhor do Mundo tentam taça inédita

- -Alex Sabino

Lionel Messi, 30, recebeu o prêmio de melhor jogador da Copa do Mundo de 2014. Foi o maior anticlímax de sua carreira. Ele preferia estar em qualquer lugar menos ali, recolhendo o troféu das mãos do então presidente da Fifa, Joseph Blatter, minutos após ser derrotado pela Alemanha na final.

Cristiano Ronaldo, 33, foi campeão europeu em 2016 com Portugal. Mas viu quase toda a final do banco de reservas, após sair lesionado.

Os dois jogadores que dominam o futebol há uma década devem ter no Mundial da Rússia, que começa nesta quinta (17), a última chance de conquistar o maior título de suas carreiras atuando em alto nível.

“Trocaria um título pelo Barcelona por um pela seleção argentina”, disse o atacante, após se apresentar à seleção em Buenos Aires.

Se o torneio no Qatar, em 2022, realmente acontecer em dezembro, Cristiano Ronaldo estará prestes a completar 39 anos. Lionel Messi terá chegado aos 35. Poderão estar aptos fisicament­e a serem convocados e jogar. Mas é difícil imaginar que viverão o auge das carreiras ou estarão no nível mostrado a partir de 2008, quando o português pela primeira vez foi eleito o melhor jogador do planeta.

São dez anos em que o vitorioso na eleição da Fifa sempre foi um ou outro. Foram cinco conquistas para cada.

“O que muda para Messi ou Cristiano Ronaldo se não conquistar­em uma Copa? O que eles fizeram já está na história do futebol. Eles não precisam disso”, defende o técnico português José Mourinho.

No caso de seu conterrâne­o, há algum fundamento. Com a seleção, Ronaldo venceu um título continenta­l. Na Copa, chegou à semifinal em 2006, igualando o melhor resultado de Portugal, obtido pela geração de Eusébio em 1966.

Apesar de todos esses argumentos, levantar o Mundial seria o topo para um dos maiores e mais vaidosos jogadores em todos os tempos.

“Messi é o melhor jogador do mundo. Não há outro como ele. Mas, para chegar ao nível de Maradona, Pelé e Cruyff, precisa ganhar a Copa do Mundo”, disse à Folha o argentino Carlos Bilardo, técnico campeão mundial em 1986 e vice em 1990.

Para Messi, a exigência é pesada por causa da comparação com Maradona, pelo título obtido pela seleção em 1986 e até por acusações subjetivas como de que não se sente argentino por ter crescido em Barcelona, por exemplo.

A Argentina, com Messi em campo, perdeu três finais nos últimos quatro anos. Caiu para a Alemanha na decisão do Mundial de 2014 e duas vezes diante do Chile na Copa América de 2015 e 2016. Depois desta última, chegou a dizer que não jogaria mais pela seleção.

Quando chegou à semifinal em 2006, Cristiano Ronaldo era um garoto de 21 anos que nem mesmo havia obtido o primeiro título inglês pelo Manchester United, onde jogava. Fez um gol na campanha, de pênalti, contra o Irã.

Desde então, o torneio foi fonte de frustraçõe­s. Jogou mal em 2010, marcou de novo apenas uma vez (contra a Coreia do Norte), e Portugal caiu nas oitavas diante da Espanha. Chegou lesionado ao Brasil quatro anos mais tarde, quase não apareceu, e a seleção foi eliminada na fase de grupos. Mais uma vez, anotou um gol, na despedida, diante de Gana.

A Copa de 2006, na Alemanha, também foi o primeiro torneio de Messi. Não era titular e apenas foi convocado porque o presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino) Julio Grondona pressionou o técnico José Pekerman.

Fez um gol nos 6 a 0 sobre a Sérvia e nem entrou em campo quando sua equipe foi eliminada pela Alemanha, nas quartas de final.

Na África do Sul, já como melhor do mundo e com o peso de ser dirigido por Maradona, saiu sem marcar e como vilão de outra eliminação nas quartas diante dos alemães. Foi escolhido o melhor do torneio de 2014 pelos quatro gols na fase de grupos.

A partir das oitavas, o treinador Alejandro Sabella mudou a forma de a equipe jogar, reforçou o sistema defensivo e Messi teve de ajudar a compor espaços na retaguarda. Não anotou mais, mas a Argentina chegou à final.

“Não sei se será o último torneio de Messi. Será uma escolha dele. Pode ser que seja”, considerou o presidente da AFA, Claudio Tapia.

É um dilema que será também de Cristiano Ronaldo, que teria de provar, eventualme­nte, que pode se manter em um nível de melhor do mundo aos 38 anos.

É melhor que apostem no título na Copa da Rússia.

“Messi é o melhor jogador do mundo. Não há outro como ele. Mas, para chegar ao nível de Maradona, Pelé e Cruyff, precisa ganhar a Copa do Mundo Carlos Bilardo ex-técnico da seleção argentina (1986 e 1990)

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Mladen Antonov/AFP e Sergei Karpukhin/Reuters Cartazes em Moscou exibem imagens de Lionel Messi, da Argentina, e Cristiano Ronaldo, de Portugal, que disputarão a Copa do Mundo de 2018
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Cristiano Ronaldo, 33 No último ano, o português se igualou ao argentino ao conquistar o quinto troféu de melhor do mundo (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017). Jogou as últimas três Copas. A primeira que disputou foi a que Portugal foi mais longe na...
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Cinco vezes melhor do mundo (2009, 2010, 2011, 2012 e 2015), jogou três Copas. Atuou em 14 partidas de Mundial e seu melhor desempenho foi na campanha de 2014, quando a Argentina foi vicecampeã, após perder a final para a Alemanha. Ao todo,...
Messi, 30 Cinco vezes melhor do mundo (2009, 2010, 2011, 2012 e 2015), jogou três Copas. Atuou em 14 partidas de Mundial e seu melhor desempenho foi na campanha de 2014, quando a Argentina foi vicecampeã, após perder a final para a Alemanha. Ao todo,...

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